Irão dá luz verde à libertação do petroleiro britânico “Stena Impero”

por RTP
Há 66 dias que o navio Stena Impero se encontra retido no Irão Wana News Agency - Reuters

Esta segunda-feira, o porta-voz do governo iraniano anunciou a libertação do petroleiro britânico Stena Impero, detido no Irão desde julho. A data concreta da libertação do navio não foi, no entanto, revelada. O primeiro-ministro britânico e o presidente iraniano deverão encontrar-se na próxima terça-feira na Assembleia Geral da ONU.

"O processo legal terminou e com base no mesmo, as condições para libertar o petroleiro foram cumpridas e o petroleiro pode prosseguir", disse Ali Rabiei, porta-voz do governo iraniano, na segunda-feira, citado pela agência de notícias oficial iraniana IRNA.

A mesma fonte diz, no entanto, não ter informações concretas sobre a data de partida do navio de bandeira britânica que se encontra retido no Irão desde julho.

O diretor da organização de portos e navegação da província iraniana de Hormozgan, Alahmorad Afifipur, avança apenas que “o navio começará em breve a navegar do porto de Bandar Abbas para águas internacionais”.

No início de setembro, o Irão tinha já anunciado a libertação de sete dos 23 tripulantes a bordo do petroleiro britânico por razões humanitárias.

Há 66 dias que o navio Stena Impero se encontra retido no Irão.
Foi apreendido pela Guarda Revolucionária do Irão quando passava pelo Estreito de Ormuz, por alegadas infrações marítimas. O petroleiro foi, posteriormente, levado para o porto iraniano da cidade Bandar Abbas, onde permanece atracado.

A detenção ocorreu duas semanas depois de o Reino Unido ter apreendido o petroleiro iraniano Grace 1, acusando-o de violar o bloqueio à Síria.
Johnson ataca Irão
O anúncio da libertação do navio chega poucas horas depois de Boris Johnson ter acusado o Irão de ser, “com muita probabilidade”, responsável pelo ataque às refinarias sauditas no passado dia 14.

“Trabalharemos com os nossos amigos americanos e europeus na construção de uma resposta que tente diminuir as tensões na região do Golfo”, disse ainda o primeiro-ministro britânico, a bordo de um avião a caminho de Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Apesar de afirmar estar a lutar para uma diminuição das tensões, Johnson diz que o Reino Unido está disposto a considerar uma intervenção militar, caso seja necessário.

"Evidentemente, se nos for solicitado, tanto pelos sauditas como pelos americanos, consideraremos como podemos ser úteis", afirmou Boris Johnson.

O primeiro-ministro britânico e o presidente iraniano, Hassan Rouhani, estarão frente a frente na próxima terça-feira, durante um encontro na Assembleia Geral da ONU.

Boris Johnson já referiu que um dos temas que pretende discutir com Rouhani consiste, precisamente, nas ações que o Irão tem levado a cabo na região do Golfo.

Por sua vez, o presidente iraniano deverá apresentar a sua iniciativa "Paz de Ormuz", também chamada de "Esperança".

"Para nós, é essencial participar na Assembleia-Geral da ONU e discutir vários assuntos", explicou Rouhani.
Reforço de tropas e apelo à paz
A tensão entre o Irão e o Ocidente foi intensificada pelas sanções impostas por Washington a Teerão desde que os EUA se retiraram, em 2018, do acordo internacional que visava restringir o programa nuclear da República Islâmica.

Recentemente, este clima de tensão foi agravado com o ataque com drones a duas grandes refinarias da petrolífera saudita Aramco.

Apesar de o ataque ter sido reivindicado pelos rebeldes Houthis, vários dedos têm sido apontados ao Irão por parte de Washington e Riade.

Donald Trump disse estar pronto a retaliar e o governo iraniano, por sua vez, deixou claro de que “haverá uma resposta imediata” a qualquer agressão.

Os EUA anunciaram, recentemente, o envio de mais tropas para o território saudita e para os Emirados Árabes Unidos.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, foi uma das primeiras vozes a acusar o Irão de ser responsável pelos ataques. No passado domingo, em entrevista ao canal Fox News, Pompeo argumentou, no entanto, que o reforço de tropas na região do Golfo é apenas um ato de “dissuasão e defesa”.

Em resposta, o presidente iraniano afirmou que “os Estados Unidos querem assumir o controlo total da região e o controlo de todo o petróleo na parte oriental da Arábia Saudita”.

Hassan Rouhani, em declarações aos jornalistas antes de partir para os EUA para participar na Assembleia Geral da ONU, apelou à “cooperação massiva” e à “paz duradoura” no Golfo Pérsico.

"Queremos uma cooperação massiva na região do Golfo Pérsico para obter segurança e queremos que todos os países da região participem nesse caminho", concluiu Rouhani.

(C/ agências)
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