Israel ameaça violar acordo e Hezbollah exige retirada de tropas do Líbano até segunda-feira

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
EPA

Israel disse na quinta-feira que os termos de um cessar-fogo com o Hezbollah não estavam a ser implementados rápido o suficiente e que havia mais trabalho a ser feito. O embaixador do Líbano nos EUA disse que o Governo israelita está a tentar manter as posições militares no Líbano e a tentar alargar o prazo de retirada por mais um mês. Perante estas ameaças, o Hezbollah já avisou que Telavive tem de se retirar totalmente do país antes do fim do prazo.

O período de 60 dias estabelecido na no acordo de tréguas entre Israel e o Líbano, mediado pelos EUA, termina na segunda-feira. O acordo estipula que as tropas israelitas se retirem do sul do Líbano, que o Hezbollah retire os combatentes e armas da região e que as tropas libanesas se posicionem nessa mesma área - tudo dentro de um prazo de 60 dias que será concluído na às 2h00 (GMT) de segunda-feira.

No entanto, Israel tem dado indicações de que poderá não cumprir este prazo. Esta quinta-feira, o porta-voz do governo israelita, David Mencer, reconheceu que “houve movimentos positivos”, na medida em que “o exército libanês e a UNIFIL [forças de paz da ONU no Líbano] ocuparam o lugar do Hezbollaz, conforme estipulado no acordo”.

Mencer sublinha, porém, que “esses movimentos não foram rápidos o suficiente e há muito mais trabalho a ser feito".


Por sua vez, o embaixador do Líbano nos EUA, Michael Herzog, afirmou na quinta-feira que o Governo israelita estava a tentar manter as posições militares no sul do Líbano para além de segunda-feira.

“Estamos atualmente em discussões com a administração Trump para prolongar a duração do tempo necessário para o exército libanês se posicionar e cumprir as suas obrigações de acordo com o acordo”, disse Herzog à Rádio do Exército de Israel.

“Há um entendimento na administração que agora entra sobre quais são as nossas necessidades de segurança e qual é a nossa posição, e acredito que chegaremos a um entendimento sobre essa questão também”, acrescentou.

Uma autoridade israelita avançou também à CNN que que o Governo do Estado hebraico transmitiu à administração norte-americana do presidente Donald Trump que quer que as tropas israelitas permaneçam no Líbano por pelo menos mais 30 dias.

Não está claro se a Administração Trump respondeu ao pedido ou se o transmitiu ao Governo libanês.
Hezbollaz pressiona Israel
O Hezbollah, por sua vez, disse na quinta-feira que Israel tem de se retirar completamente do Líbano dentro do prazo estipulado pelo acordo, avisando que não aceitará qualquer violação do acordo.

Numa declaração, o grupo apoiado pelo Irão disse que se os militares israelitas permanecessem no Líbano depois de domingo, isso "seria considerado uma violação descarada do acordo", que exigiria que o Estado libanês "lidasse com isso com todos os meios à sua disposição, concedidos por tratados internacionais, a fim de recuperar a terra e arrancá-la das garras da ocupação".

O Hezbollah apelou ainda ao Estado libanês a pressionar para garantir "a implementação da retirada total [das tropas israelitas] e a implantação do exército libanês até ao último quilómetro do território libanês e o regresso do povo às suas aldeias rapidamente".

O acordo, intermediado pelos Estados Unidos e pela França, encerrou mais de um ano de hostilidades desencadeadas pela guerra na Faixa de Gaza. O conflito intensificou-se a 1 de outubro do ano passado, quando os militares israelitas invadiram o sul do Líbano. A ofensiva israelita fez mais de 1,2 milhão de deslocados e deixou o Hezbollah severamente enfraquecido.

c/ agências
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