Israel ameaça violar acordo e Hezbollah exige retirada de tropas do Líbano até segunda-feira
Israel disse na quinta-feira que os termos de um cessar-fogo com o Hezbollah não estavam a ser implementados rápido o suficiente e que havia mais trabalho a ser feito. O embaixador do Líbano nos EUA disse que o Governo israelita está a tentar manter as posições militares no Líbano e a tentar alargar o prazo de retirada por mais um mês. Perante estas ameaças, o Hezbollah já avisou que Telavive tem de se retirar totalmente do país antes do fim do prazo.
No entanto, Israel tem dado indicações de que poderá não cumprir este prazo. Esta quinta-feira, o porta-voz do governo israelita, David Mencer, reconheceu que “houve movimentos positivos”, na medida em que “o exército libanês e a UNIFIL [forças de paz da ONU no Líbano] ocuparam o lugar do Hezbollaz, conforme estipulado no acordo”.
Mencer sublinha, porém, que “esses movimentos não foram rápidos o suficiente e há muito mais trabalho a ser feito".
Por sua vez, o embaixador do Líbano nos EUA, Michael Herzog, afirmou na quinta-feira que o Governo israelita estava a tentar manter as posições militares no sul do Líbano para além de segunda-feira.
“Estamos atualmente em discussões com a administração Trump para prolongar a duração do tempo necessário para o exército libanês se posicionar e cumprir as suas obrigações de acordo com o acordo”, disse Herzog à Rádio do Exército de Israel.
“Há um entendimento na administração que agora entra sobre quais são as nossas necessidades de segurança e qual é a nossa posição, e acredito que chegaremos a um entendimento sobre essa questão também”, acrescentou.
Uma autoridade israelita avançou também à CNN que que o Governo do Estado hebraico transmitiu à administração norte-americana do presidente Donald Trump que quer que as tropas israelitas permaneçam no Líbano por pelo menos mais 30 dias.
Não está claro se a Administração Trump respondeu ao pedido ou se o transmitiu ao Governo libanês.
Hezbollaz pressiona Israel
O Hezbollah, por sua vez, disse na quinta-feira que Israel tem de se retirar completamente do Líbano dentro do prazo estipulado pelo acordo, avisando que não aceitará qualquer violação do acordo.
Numa declaração, o grupo apoiado pelo Irão disse que se os militares israelitas permanecessem no Líbano depois de domingo, isso "seria considerado uma violação descarada do acordo", que exigiria que o Estado libanês "lidasse com isso com todos os meios à sua disposição, concedidos por tratados internacionais, a fim de recuperar a terra e arrancá-la das garras da ocupação".
O Hezbollah apelou ainda ao Estado libanês a pressionar para garantir "a implementação da retirada total [das tropas israelitas] e a implantação do exército libanês até ao último quilómetro do território libanês e o regresso do povo às suas aldeias rapidamente".
O acordo, intermediado pelos Estados Unidos e pela França, encerrou mais de um ano de hostilidades desencadeadas pela guerra na Faixa de Gaza. O conflito intensificou-se a 1 de outubro do ano passado, quando os militares israelitas invadiram o sul do Líbano. A ofensiva israelita fez mais de 1,2 milhão de deslocados e deixou o Hezbollah severamente enfraquecido.
c/ agências