Israel apresentou aos EUA calendário para eventual ataque contra Irão

por RTP
Ken Cedeno - Reuters

O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, informou os Estados Unidos de que estabeleceu um prazo para que as Forças de Defesa do país terminem os preparativos para um eventual ataque contra o Irão. Segundo uma fonte do Jerusalem Post, os norte-americanos não se terão oposto aos preparativos israelitas.

“Não houve qualquer veto”, revelou a mesma fonte.

Na semana passada, fontes norte-americanas afirmaram que o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, iria reunir com o homólogo israelita para discutir uma preparação militar conjunta.

O encontro aconteceu na quinta-feira passada e em cima da mesa terá estado, essencialmente, a questão do Irão e da sua capacidade nuclear. Terá também sido discutida a ocupação israelita na Cisjordânia, com os EUA a frisarem que tal atividade impossibilita uma solução de dois Estados.

Segundo o New York Times, Israel consultou Washington sobre outros dois anteriores ataques ao Irão: um em junho deste ano, na cidade de Karaj, e outro num local de produção de mísseis nos arredores de Teerão.

Já na última semana a televisão estatal de Israel tinha anunciado que as Forças de Defesa do país estavam a planear levar a cabo exercícios aéreos no próximo verão, antecipando um ataque futuro contra Teerão.

Há dois meses, o presidente Joe Biden tinha pedido ao seu conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, que revisse os planos norte-americanos de ataque ao Irão caso os esforços diplomáticos falhassem. Foi também ponderada a hipótese de reforçar as sanções contra Teerão, avançou na altura o New York Times.
Sanções ao Irão "não devem ser levantadas", defende Israel
As conversações entre Estados Unidos e Israel acontecem numa fase em que as duas nações têm vindo a discordar, cada vez mais, na avaliação que fazem da ameaça iraniana. Israel tem-se mostrado preocupado com a possibilidade de, nas negociações que já recomeçaram em Viena, Washington vir a procurar um acordo provisório para suspender as sanções a Teerão.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou na sexta-feira com o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, para discutir “a importância de uma relação bilateral duradoura entre os Estados Unidos e Israel”, as “questões israelo-palestinianas” e ainda “desenvolvimentos regionais, incluindo a convicção partilhada de que o Irão não deve ter permissão para adquirir armamento nuclear”, anunciou o Departamento de Estado norte-americano.

Lapid terá transmitido a Blinken que “mesmo que haja um regresso às negociações, as sanções ao Irão não devem ser levantadas”, uma vez que “o dinheiro que os iranianos receberem vai chegar às nossas portas na forma de terrorismo e de mísseis”.

Segundo o Governo israelita, a conversa foi “calorosa, recetiva e aberta”, tendo incluindo tópicos os “esforços conjuntos para impedir o Irão de se transformar num Estado nuclear (…), e o alargamento do círculo de paz”.
EUA está a "discutir alternativas" com aliados
Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, referiu recentemente alternativas para contornar a ameaça nuclear do Irão caso as negociações em Viena venham a falhar.

“Não gostaria de estar a falar sobre o que pode acontecer caso o caminho da diplomacia não seja viável a curto-prazo”, começou por dizer.

“Mas estamos a discutir essas alternativas com os nossos parceiros, os nossos aliados mais próximos, incluindo os israelitas. Já tivemos, aliás, boas discussões com Israel sobre o caminho a seguir e sobre como podemos trabalhar juntos para assegurar que o Irão nunca será capaz de adquirir uma arma nuclear”.

Várias nações têm reunido em Viena para discutirem o regresso do Irão ao acordo nuclear, que começou a abandonar gradualmente depois de, em 2015, o então presidente Donald Trump se ter retirado unilateralmente desse mesmo acordo.
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