Israel bombardeia Rafah. Uma centena de palestinianos mortos e dois reféns libertados

por Carlos Santos Neves - RTP
As autoridades israelitas anunciaram a libertação de dois reféns do movimento radical Hamas Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

Uma vaga de bombardeamentos noturnos das Forças de Defesa de Israel sobre Rafah, no sul da Faixa de Gaza, matou perto de uma centena de palestinianos. O Governo israelita anunciou que operacionais do exército, do Shin Beth, serviço de segurança interna, e da polícia libertaram dois reféns do Hamas a coberto destes ataques. A cidade próxima da fronteira com o Egito é agora o foco da máquina de guerra do Estado hebraico.

O Governo de Benjamin Netanyahu afirma que a operação da última noite é parte de um plano destinado a libertar reféns capturados pelo movimento radical palestiniano a 7 de outubro. O Hamas já veio avisar que ações deste tipo vão minar quaisquer possibilidades de um novo acordo para a libertação de mais cidadãos israelitas cativos – mais de uma centena permanecem em condições incertas.O mais recente balanço do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza refere “cerca de 100 mortos” na operação noturna das forças israelitas em Rafah.


O primeiro-ministro israelita ordenou nos últimos dias às Forças de Defesa do seu país a preparação de uma ofensiva alargada sobre Rafah, onde se concentra, neste momento, a maior parte da população civil da Faixa de Gaza, de acordo com as Nações Unidas.

Telavive indica, todavia, que os bombardeamentos e a incursão da noite de domingo para segunda-feira não constituíram um primeiro capítulo da ofensiva.

“Fernando Simon Marman, de 60 anos, e Louis Har, de 70 anos, foram recuperados durante uma operação noturna efetuada conjuntamente pelo exército, pelo Shin Beth e pela polícia israelitas”, confirmaram as três estruturas em comunicado.Os dois reféns haviam sido sequestrados no kibutz de Nir Yitzhak. Foram entretanto transportados para o centro médico Sheba, em Ramat Gan, para uma primeira bateria de exames médicos. Encontram-se “estáveis”, segundo a direção daquela unidade de saúde.

“Foram abatidos três terroristas no imóvel onde eles estavam detidos”, adiantou, num primeiro balanço, o exército israelita.
A administração do Hamas deu, por sua vez, conta de 14 casas e três mesquitas atingidas pelos bombardeamentos israelitas em diferentes zonas de Rafah.
“Bravos guerreiros”
O primeiro-ministro israelita voltou já esta segunda-feira a defender a manutenção da pressão militar sobre a Faixa de Gaza, na sequência dos bombardeamentos em Rafah e da libertação dos dois reféns.

“Saúdo os nossos bravos guerreiros pela ação ousada que levou à libertação”, afirmou Netanyahu em comunicado, acrescentando que “só a continuação da pressão militar, até à vitória completa, resultará na libertação dos reféns”.
Rafah, cidade-acampamento e derradeiro refúgio

A cidade de Rafah, próxima da linha de fronteira com o Egito, é atualmente o último refúgio para os civis palestinianos deslocados nos quatro meses da contraofensiva israelita. Serão 1,4 milhões, numa estimativa da ONU.No domingo, em conversa telefónica, o presidente norte-americano, Joe Biden, exortou o primeiro-ministro israelita a “garantir a segurança” dos civis em Rafah, antes do lançamento da prometida ofensiva. Apelo que tem sido ecoado por diferentes chancelarias internacionais.

Netanyahu argumenta que Rafah é “o último bastião” do Hamas, pelo que se trata de um objetivo militar decisivo. E o Governo israelita comprometeu-se a acautelar “uma passagem segura para a população civil, para que esta possa deixar” a cidade. Mas sem detalhar tais planos.

O ataque lançado a 7 de outubro pelo Hamas, sobre o sul de Israel, fez mais de 1.160 mortos, a maioria civis. A contraofensiva israelita já causou mais de 28 mil vítimas mortais.

O movimento radical palestiniano fez pelo menos 250 reféns. Em novembro, uma trégua de uma semana permitiu a libertação de 105 destas pessoas, em troca de 240 prisioneiros palestinianos em Israel. Antes da operação da última noite, as autoridades israelitas estimavam que permanecessem 132 reféns na Faixa de Gaza – 29 terão morrido.

c/ agências internacionais
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