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Jimmy Kimmel regressa ao ecrã e critica ataque "antiamericano" de Trump à liberdade de expressão
Jimmy Kimmel regressou à estação televisiva ABC na terça-feira à noite, após uma semana de suspensão. O comediante norte-americano criticou duramente a Administração Trump por ter suspendido o seu programa depois de comentários sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.
"Um Governo que ameaça silenciar um comediante de quem o presidente não
gosta é anti-americano", afirmou Jimmy Kimmel, no seu regresso ao talk show da ABC Jimmy Kimmel Live!.
Antes mesmo de o programa noturno ir para o ar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o canal ABC por "transmitir 99 por cento de tretas positivas para os democratas" e Jimmy Kimmel por ser "mais um braço direito do DNC (o Comité Nacional Democrata)", numa mensagem publicada na sua rede Truth Social.
"Ele é mais um braço do DNC e, pelo que sei, isso seria uma grande contribuição ilegal para a campanha. Acho que vamos testar a ABC sobre isso. Vamos ver como nos saímos. Da
última vez que os processei, eles me deram 16 milhões de dólares. Este parece ainda mais lucrativo",
escreveu Donald Trump.
Em dezembro, a Disney aceitou pagar a Donald Trump cerca de 16 milhões de dólares para resolver um processo por difamação movido pelo atual presidente contra a ABC.
Kimmel não cederá à pressão de Trump
Após uma semana de suspensão, Jimmy Kimmel usou o regresso aos
ecrãs para defender a liberdade de expressão nos Estados Unidos e atacar
os esforços "antiamericanos" para censurar essa liberdade. Kimmel advertiu que "não estava feliz" com a suspensão e não moderará as suas critícas devido à pressão da administração Trump. "Este
programa não é importante", disse Kimmel. "O
importante é que vivemos num país que nos permite ter um programa como
este".
Kimmel denunciou também a pressão de que estão a ser alvo as transmissoras afiliadas para cancelarem a transmissão do programa. "Tentaram
coagir as afiliadas que transmitem o nosso programa nas cidades onde
vocês vivem a tirar o meu programa do ar. Isso não é legal. Isso não é
americano. Isso é antiamericano", acusou.
O comediante previu que a ABC e a sua empresa-mãe, a Disney, seriam alvo de um maior escrutínio por parte da Administração Trump por terem decidido repor o programa Jimmy Kimmel Live! no ar, depois de o presidente norte-americano ter apoiado abertamente o cancelamento do programa de Kimmel e ter afirmado erroneamente que o apresentador tinha sido "despedido". "O nosso líder comemora a perda do sustento dos americanos porque não sabe lidar com uma piada", criticou.
"Isso tocou-me profundamente!"
No seu regresso, Jimmy Kimmel também abordou os comentários feitos sobre o suspeito assassino de Charlie Kirk, a 15 de setembro, que levaram a ABC a suspender a produção do programa.
Os seus comentários indignaram o campo do presidente, ao acusar a direita
norte-americana de explorar politicamente o assassinato do influencer Charlie
Kirk. Jimmy Kimmel admitiu que estes podiam parecer "inadequados ou pouco claros, ou
talvez ambos"."Nunca foi minha intenção menosprezar o assassinato de um jovem", afirmou Kimmel. "Tão-pouco foi minha intenção culpar qualquer grupo específico pelas ações do que era obviamente um indivíduo profundamente perturbado".
No seu monólogo, Kimmel também elogiou a viúva de Charlie Kirk, Erika Kirk, por ter declarado que perdoava o assassino durante a cerimónia de homenagem ao seu marido. "Isso
tocou-me profundamente", disse Kimmel, "e espero que toque muitos e, se há
algo que devemos tirar desta tragédia para levar adiante, espero que
seja isso".