Joe Biden eleito Presidente. "Este é o tempo de sarar na América"

por Mário Aleixo - RTP
Joe Biden na hora da vitória Jim Lo Scalzo - EPA

Eleito o novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, no discurso da vitória, prometeu unir e não dividir.

Este é o tempo de “sarar na América”. O mandato que lhe foi dado pelos americanos disse que servirá para: restaurar “a decência, a justiça, a ciência e a esperança”.

De seguida o novo Presidente fez uma síntese das suas ideias ao afirmar que é tempo de: "Travar as grandes batalhas do nosso tempo: a batalha de controlar o vírus, de criar prosperidade, de garantir os cuidados de saúde das famílias, alcançar justiça racial e excluir o racismo sistemático neste país. E a batalha para salvar o nosso planeta, controlando o clima. E a batalha para restaurar a decência, defender a democracia e dar a todos neste país uma oportunidade justa. É só isso que nos pedem: uma oportunidade justa".
O Presidente eleito começou por agradecer ao Estado do Delaware, aos amigos e à família e concretizou o seu desejo maior: "Prometo ser um presidente que procurará unir, não dividir. Que não vê estados vermelhos e estados azuis, só vê os Estados Unidos".

Sobre a “batalha” que acabava de ganhar afirmou: "Deram-nos uma vitória clara. Uma vitória convincente".

Sobre o motivo maior que o levou a candidatar-se disse: "Procurei este cargo para tornar a América num país respeitado no mundo outra vez”, diz Joe Biden, numa altura em que entra numa parte do discurso em que sublinha a importância da sua família. “A Jill vai ser uma grande primeira-dama".
Trump ignorado
Joe Biden insistiu nos apelos à união e falou aos que não votaram nele. Ao contrário do que é habitual nestes discursos, Biden não fez nenhuma referência ao candidato que perdeu a eleição — numa altura em que Trump recusa aceitar o resultado eleitoral e ainda não reconheceu a vitória do democrata. "Vamos fazer com que o fim da era da demonização na América comece aqui e agora", pediu Biden numa indireta para Trump.

Biden mostrou-se convicto no potencial da América ao afirmar: "Acredito na América das possibilidades. Somos os Estados Unidos da América e nunca houve nada que não conseguíssemos fazer quando o fizemos juntos".

O Presidente eleito ainda lembrou o seu filho Beau Biden, que morreu em 2015, para confortar todos os que perderam familiares durante a pandemia. Joe Biden anunciou a criação e nomeação de um grupo de especialista para o aconselhar no que diz respeito à pandemia.
Alma americana

Num discurso para dentro da classe política lembrou: "Sou um democrata orgulhoso mas vou governar como um presidente americano. Vou trabalhar tanto pelos que não votaram em mim como pelos que votaram em mim".

Biden acentuou que que procurará a união no Congresso entre republicanos e democratas em todos os assuntos. "A América sempre foi moldada por pontos de inflexão, momentos em que escolhemos o que somos e o que queremos ser”, sublinhou Biden, referindo-se a presidentes como Lincoln, Roosevelt, Kennedy e Obama. Estamos noutro ponto de inflexão. Há muito que falo da batalha pela alma da América. Temos de restaurar a alma da América", apelou o presidente eleito.

Dirigindo-se, depois, aos apoiantes de Trump, afirmou: "É altura de baixar a temperatura, voltarmos a ouvir-nos uns aos outros".
Trabalho coletivo

Biden agradeceu ainda "a todos aqueles que se voluntariaram e que trabalharam nas assembleias de voto no meio desta pandemia", que, disse, "merecem um agradecimento especial de toda a nação".

O novo Presidente fez referência ainda ao momento de campanha que terminou para sublinhar a união de, "republicanos, democratas, independentes, progressistas, moderados, conservadores, jovens, mais velhos, urbanos, suburbanos, gays, heterossexuais, transgéneros, brancos, latinos, asiáticos, nativo-americanos. Especialmente nos momentos mais complicados desta campanha, a comunidade afro-americana voltou a erguer-se por mim. Estiveram sempre lá para me defender — e eu estarei sempre cá para vos defender", referiu.

"Queria que esta campanha representasse e se assemelhasse à América. A todos vocês que votaram no presidente Trump, digo: compreendo a desilusão, também já perdi algumas vezes, mas vamos lá dar uma oportunidade uns aos outros. É altura de nos voltarmos a ouvir uns aos outros. É altura de deixar para trás a retórica dura, baixar a temperatura. Para progredirmos, temos de parar de tratar os nossos oponentes como inimigos. Não são nossos inimigos, são americanos".

Os norte-americanos festejaram, nos vários Estados, a vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial frente a Donald Trump. Veja aqui as imagens das celebrações.

A última referência no discurso de Joe Biden foi para a religião. 

"Vamos ser a nação que sabemos que conseguimos ser, uma nação unida.Como o meu avô dizia quando eu saía da casa dele, quando eu era um miúdo em Scranton, mantém a fé, e a minha avó dizia não, Joey, espalha-a. Espalhem a fé! Deus ama-vos a todos. Que Deus abençoe a América e proteja a nossa igreja", concluiu Biden.

Após o discurso, ouviram-se canções como “I Won’t Back Down”, de Tom Petty, e “A Sky Full of Stars”, dos Coldplay.

O fogo de artifício iliminou os céus de Wilmington.
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