José Filomeno dos Santos na prisão depois de apontado para suceder ao pai em Angola

por Lusa

Lisboa, 24 set (Lusa) - José Filomeno dos Santos, detido hoje preventivamente por alegado envolvimento na gestão danosa do fundo soberano do país, está agora na prisão, depois de ter sido apontado como sucessor do pai, José Eduardo dos Santos, na presidência angolana.

Em menos de dois anos, "Zenú", como é conhecido em Angola, fez um percurso que o leva agora à queda, acusado de vários crimes na gestão do Fundo Soberano de Angola, entre eles o de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção e participação económica em negócio.

O futuro de José Filomeno dos Santos afigura-se agora cinzento, quando rumores que circularam nos meses que antecederam ao congresso ordinário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de 2016 o colocavam como candidato do partido à mais alta cadeira do poder em Angola, sucedendo ao pai.

Nascido em Luanda há 40 anos, "Zenú" é fruto do relacionamento de José Eduardo dos Santos com Filomena Sousa, que desempenhava as funções de secretária no Governo angolano, que se estabeleceu na Suécia quando o filho tinha 12 anos.

Um relatório divulgado pela Wikileaks, em 2010, traçou o perfil de José Filomeno dos Santos, concluindo que o varão de José Eduardo dos Santos - pai de outros nove filhos -, era o que revelava mais preocupações sociais.

"Zenú" incentivou a criação da Fundação Inovação para África, com sede em Zurique, na Suíça, para o desenvolvimento de projetos em Angola nas áreas da educação, saúde e inovação tecnológica.

Com apenas 35 anos, "Zenú" foi indicado pelo pai para presidir à administração do Fundo Soberano de Angola, constituído com 5.000 milhões de dólares proveniente das receitas do petróleo e cuja gestão está agora na mira da Justiça angolana.

Este fundo foi criado pelo Governo angolano para "promover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento socioeconómico" do país.

Com 12 anos de idade, José Filomeno dos Santos estabeleceu-se na Suécia, em Estocolmo, conjuntamente com a mãe, e mais tarde no Reino Unido, onde concluiu os estudos.

Regressou a Angola em 2001 e, sete anos depois, foi um dos fundadores do Banco Kwanza Invest, a primeira instituição bancária de investimento em Angola.

Em novembro de 2017, João Lourenço, que sucedeu a José Eduardo dos Santos na presidência de Angola, retirou a liderança da petrolífera estatal Sonangol a Isabel dos Santos, a filha mais velha do ex-Presidente, num ciclo de exonerações a que José Filomeno dos Santos foi escapando.

Em janeiro deste ano, quando se sabia já que uma auditoria tinha revelado irregularidades no Fundo Soberano de Angola, o Presidente de Angola exonerou José Filomeno dos Santos.

Poucos meses depois, em março, o filho do ex-Presidente angolano foi também constituído arguido, com proibição de sair do país como medida de coação, em processo relacionado com alegada transferência irregular de 500 milhões de dólares do Estado angolano para um banco britânico.

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