Jovem chinês morre em campo para viciados em internet

por RTP
Algumas das instituições de reabilitação são conhecidas por empregarem disciplina militar Kim Kyung Hoon - Reuters

O adolescente morreu poucos dias depois de ter ido para o campo especializado que trata pessoas viciadas em internet e jogos. A causa da morte ainda não foi confirmada.

O incidente ocorreu no início do mês na província chinesa de Anhui. O jovem de 18 anos terá sofrido vários ferimentos. O diretor e os membros do staff do campo foram detidos pela polícia local.

Algumas destas instituições de reabilitação são conhecidas por empregarem disciplina militar e já foram criticadas por usarem métodos excessivamente duros com os internados.

Na China, está a aumentar o número de campos especializados em tratar o vício da internet.
“Completamente coberto de cicatrizes”

A mãe do adolescente afirmou que o filho estava com um grave vício e que não havia nada que pudesse fazer para alterar essa situação.As autoridades locais encerraram o centro enquanto as investigações decorrem.

De acordo com o jornal Anhui Shangbao, os pais decidiram enviar o jovem para um centro especializado na cidade de Fuyang que usava uma combinação de “aconselhamento psicológico e treino físico”.

O jovem foi levado a 3 de agosto para a instituição. Dois dias depois, os pais foram informados de que o filho tinha sido levado para o hospital, onde acabaria por morrer.

Os pais da vítima foram informados pelos médicos de que o corpo do jovem tinha sofrido mais de 20 ferimentos exteriores e também vários ferimentos interiores.

“O corpo do meu filho estava completamente coberto de cicatrizes dos pés à cabeça. Quando eu o mandei para o centro ele estava bem. Como é que ele morreu num espaço de 48 horas?”, disse a mãe da vítima, citada pelo mesmo jornal.
“Falta de educação familiar”

Vários jornais alertaram entretanto para a necessidade de uma regulação mais apertada destes campos especializados, mas também criticaram os pais destes jovens.

Um comentador do blogue Sina Weibo afirmou que, “no fim de contas, isto acontece por causa da falta de educação familiar”.

O jornal Mingguang Daily frisa, por exemplo, que “alguns pais, quando descobrem o problema que o seu filho tem, falham por não pensarem nas suas responsabilidades como educadores e por procurarem ajuda de terceiros para resolver estas situações”.
"Resposta ao medo"

Estas instituições especializadas continuam, todavia, a ser populares, apesar da crescente controvérsia em torno dos métodos de tratamento.

No ano passado, um adolescente matou a mãe, alegadamente, por ter sido enviado para um destes campos, onde sofreu múltiplos abusos físicos e psicológicos.

Trent Bax, da Universidade de Mulheres de Ewha, tem estudado o vício da internet entre os chineses e afirma que “os pais estão a agir em resposta ao medo de o seu filho não conseguir ter sucesso no futuro por causa da internet”.

De acordo com Bax, em alguns casos os pais usam o método “tradicional” de educação que permite o uso de violência para “endireitar um filho delinquente”.

As autoridades chinesas começaram a desenvolver leis que, caso sejam aprovadas, vão proibir tratamentos abusivos como o uso de choques elétricos.
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