Kremlin diz que alguém tem de forçar Zelensky a fazer as pazes depois do confronto com Trump

O Kremlin afirmou esta segunda-feira que alguém precisava forçar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a fazer a paz, após o confronto com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Sala Oval que, assinala, mostrou o quão difícil seria encontrar uma maneira de acabar com a guerra.

Cristina Sambado - RTP /
Maxim Shemetov - Reuters

O regime de Kiev e Zelensky não querem a paz. Eles querem que a guerra continue”, acusou Peskov.
Para o porta-voz do Kremlin, “quaisquer iniciativas construtivas (para a paz) serão agora inúteis. É muito importante que alguém force o próprio Presidente ucraniano a mudar a sua posição. Ele não quer a paz. Alguém tem de obrigar Zelensky a querer a paz”.

O que aconteceu na Casa Branca na sexta-feira é claro, demonstrou como será difícil chegar a uma trajetória de acordo em torno da Ucrânia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que “Zelensky mostrou uma total falta de diplomacia”.
“Nesta situação, apenas os esforços dos Estados Unidos e a boa vontade de Moscovo não serão suficientes” para pôr fim ao conflito na Ucrânia, sublinhou.
Peskov afirmou ainda que o Presidente russo, Vladimir Putin, repetiu em várias ocasiões que as autoridades ucranianas “recusam um acordo através de negociações”.

Dmitry Peskov também culpou o líder ucraniano por uma espetacular troca de argumentos com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que teve lugar durante o seu encontro em Washington.

Vladimir Putin, segundo Peskov, estava familiarizado com o “evento sem precedentes” na Sala Oval - que segundo o porta-voz, “ no mínimo, revelou a falta de habilidades diplomáticas de Zelensky”.

“Além disso, vemos que o Ocidente coletivo começou a perder parcialmente a sua coletividade e que se iniciou uma fragmentação do Ocidente coletivo”, acrescentou Peskov.

Para o porta-voz do Kremlin, Zelensky confirmou também a incapacidade de Kiev em aceitar a anexação dos seus territórios pela Rússia, não reconhecida pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.Só um cego não consegue ver a realidade e só um surdo não a quer ouvir”, afirmou, referindo-se à anexação da Crimeia, em 2014, e de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, em 2022.

Peskov acrescentou que Moscovo vai prosseguir as negociações com Washington, iniciadas em meados de fevereiro em Riade, para normalizar as relações bilaterais. No entanto, quando questionado sobre novos contactos entre o Presidente russo e o seu homólogo ucraniano, Peskov revelou que “não existiram contactos adicionais além do telefonema a 12 de fevereiro”.

Para o Kremlin, as promessas feitas pelos líderes europeus na cimeira de Londres sobre a Ucrânia no fim de semana para aumentar o financiamento a Kiev não ajudarão a encontrar uma solução pacífica para o conflito.

Dmitry Peskov considera que as promessas de financiamento dos líderes europeus - incluindo um acordo de dois mil milhões de dólares de mísseis de defesa aérea da Grã-Bretanha - farão com que a guerra se arraste.

“Isto não está claramente relacionado com um plano de paz [e permitirá apenas] a continuação das hostilidades”, transmitiu Peskov aos jornalistas.

c/ Agências
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