Líderes reúnem-se em Paris com o futuro da Ucrânia e da Europa em cima da mesa

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Ursula Von der Leyen e António Costa representam a UE no encontro promovido por Macron Reuters

Os representantes da União Europeia e da NATO, bem como os líderes de sete países europeus, participam esta segunda-feira, em Paris, numa reunião informal convocada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir um plano de ação para o futuro da Ucrânia. A reunião acontece um dia antes de um encontro entre altos funcionários norte-americanos e russos na Arábia Saudita.

Ursula Von der Leyen, António Costa, Mark Rutte e os chefes de governo da Alemanha, Reino Unido, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca reúnem-se esta segunda-feira em Paris para delinear um plano de ação europeu para a Ucrânia.

A reunião discutirá as capacidades de defesa que a Europa poderá fornecer à Ucrânia, incluindo um plano para que a Ucrânia se torne membro automático da NATO no caso de uma clara violação do cessar-fogo pela Rússia.


A reunião foi convocada por Emmanuel Macron, numa altura em que a Ucrânia e os aliados europeus estão preocupados com a mudança de posição dos EUA e com a aproximação de Donald Trump ao presidente russo, Vladimir Putin.
Trump surpreendeu os aliados europeus na NATO e na Ucrânia na semana passada, quando anunciou que tinha conversado com o homólogo russo, Vladimir Putin, e que iria iniciar um processo de paz.

O enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, sugeriu que os líderes europeus, bem como ucranianos, não teriam lugar nas conversações de paz, o que gerou uma onda de críticas por parte dos aliados do bloco europeu.

A Hungria, por sua vez, criticou a reunião que decorrerá em Paris, considerando que o objetivo é “bloquear um acordo de paz na Ucrânia”.

“Hoje, em Paris, líderes europeus frustrados, pró-guerra e anti-Trump estão a reunir-se para bloquear um acordo de paz na Ucrânia”, afirmou o ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto, à margem de uma conferência de imprensa no Cazaquistão, num vídeo transmitido na rede social Facebook.

“Hoje em Paris, estão a reunir-se aqueles países que têm constantemente adicionado combustível às chamas da guerra na Ucrânia durante os últimos três anos. Estes são os países que estão do lado beligerante, que apoiaram a estratégia errada de sanções da Europa”, acrescentou Szijjártó.

"Ao contrário deles, apoiamos as ambições de Donald Trump. Ao contrário deles, apoiamos as negociações entre a Rússia e os Estados Unidos", acrescentou.


Viktor Orbán, um dos poucos líderes da UE a demonstrar a sua proximidade com Donald Trump e Vladimir Putin, tem apelado ao cessar-fogo e ao estabelecimento de conversações de paz, ao mesmo tempo que se recusa a enviar ajuda militar a Kiev.
Cândida Pinto e David Araújo | Enviados especiais da RTP à Ucrânia

A Eslovénia também teceu críticas ao encontro desta segunda-feira, lamentando que outros Estados-membros da UE não tenham sido convidados.

"A um nível simbólico, os organizadores da cimeira de Paris estão a mostrar ao mundo que, mesmo dentro da UE, nem todos os Estados são tratados de forma igual", disse a presidente eslovena, Natasa Pirc Musar, em comunicado.
Representantes dos EUA e Rússia reúnem-se em Riade
A reunião entre líderes europeus acontece um dia antes de um encontro entre altos funcionários norte-americanos e russos na Arábia Saudita. Segundo a AFP, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deverá viajar também para a Arábia Saudita na quarta-feira.

"É uma visita oficial que estava planeada há muito tempo", disse o porta-voz ucraniano Serguiy Nykyforov à AFP, sem adiantar mais pormenores.

Segundo o Kremlin, este encontro visa “restaurar” as relações entre Moscovo e Washington e discutirá também "possíveis negociações sobre a Ucrânia", bem como uma possível cimeira entre Trump e Putin.

"Putin e Trump concordaram em deixar para trás relações absolutamente anormais”, disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, acrescentando que os presidentes “decidiram que o diálogo deve ser retomado".

Lavrov disse ainda que não há lugar nas negociações para os europeus que querem “continuar a guerra” na Ucrânia.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, chegou esta segunda-feira à Arábia Saudita. Sergei Lavrov e Yuri Ushakov, conselheiro diplomático de Vladimir Putin, deverão voar para Riade ainda esta segunda-feira para a reunião, segundo revelou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

c/ agências
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