Lieberman, a causar polémica desde 1999

por RTP
Ammar Awad - Reuters

O ministro da Defesa israelita pediu a demissão com o argumento de que a adesão ao acordo de cessar-fogo pelo Governo de Israel é uma “capitulação perante o terrorismo” do Hamas. Avigdor Lieberman acumulou diatribes ao longo da carreira política e nunca foge a uma polémica.

Avigdor Lieberman foi eleito para o Knesset em 1999, tendo servido como ministro das Infraestruturas, dos Transportes, dos Assuntos Estratégicos, vice-primeiro-ministro, Negócios Estrangeiros e, desde 2015, Defesa.

Desde então evidenciou propensão para a polémica e assertividade na hora de escolher as palavras. O jornal Haaretz fez uma recolha dos escândalos que deram cabeçalhos na imprensa israelita e internacional.
Agressão de menor, afogamento de prisioneiros e expulsão de “desleais”
Em 2001, então ministro das Infraestruturas, Avigdor Lieberman assinou um acordo por ter agredido um rapaz de 12 anos.

Nos termos do acordo, apresentado pelas partes no Tribunal de Jerusalém, Lieberman admitiu ter agredido um menino de 12 anos no colonato de Tekoa, bem como ferido e ameaçado outro garoto que terá atingido o filho de Lieberman.

Dois anos depois, Lieberman é considerado culpado por sugerir que os prisioneiros palestinianos deviam ser afogados.

Na altura ministro dos Transportes, Avigdor Lieberman queria arranjar autocarros para levar os prisioneiros palestinianos para um lugar "de onde não voltarão".

No ano seguinte, com base na ideia de separar populações e territórios árabes e judeus, Lieberman apresentou à Rússia um plano para expulsar árabes israelitas considerados "desleais" ao Estado.

Presidente do partido de direita União Nacional e imigrante da antiga União Soviética, Lieberman encontrou-se com o representante do presidente russo Vladimir Putin no Quarteto para a Paz no Oriente Médio, Alexander Galkin, e com o embaixador russo em Israel, Gennady Tarasov, a pedido da Rússia.
Execução de deputados árabes e uma ida “para o inferno”
Durante um aceso debate no Parlamento, em 2006, o líder do partido Beitenu criticou os partidos políticos árabes israelitas e fez votos para que os deputados árabes do Knesset fossem executados.

Lieberman declarou que os deputados árabes que se encontram com líderes do Hamas "estão a cooperar com o inimigo" e, por isso, devem ser julgados.

Três anos depois, já ministro dos Negócios Estrangeiros, causou revolta no Egito quando, no contexto da recusa do Presidente egípcio em encetar uma visita oficial a Israel, mandou Hosni Mubarak "ir para o inferno".

A deslocação oficial do líder egípcio ao país vizinho foi para o funeral do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, assassinado em 1995.
Pagar aos árabes para viver na Palestina e desaparecimento misterioso
O partido Beitenu apresentou, em 2014, uma versão “melhorada” do seu “plano de paz” que incluía a atribuição de “incentivos económicos“ pelo Governo aos árabes israelitas que fossem viver para os territórios palestinianos ocupados.

Contudo, a estratégia do Beitenu para a paz não revelava posições claras sobre questões como as fronteiras de Israel, o estatuto de Jerusalém, a construção de colonatos ou o futuro dos colonatos israelitas já existentes.

No ano seguinte, a polémica envolvia um antigo colaborador de Lieberman, suspeito de lavagem de dinheiro e misteriosamente desaparecido.

Michael Palkov, assessor de imprensa e dono de uma página de Internet alegadamente utilizada para lavagem de dinheiro, desapareceu.

Em agosto, a agência de notícias russa REGNUM reportava que o exército ucraniano tinha encontrado o passaporte de Palkov perto de um cadáver carbonizado.

A intenção de decapitar os árabes israelitas é outra vez expressa, em 2015, quando Lieberman era ministro dos Negócios Estrangeiros.

“Quem quer que esteja connosco deve conseguir tudo - até a metade do reino", disse Lieberman durante uma ação de campanha eleitoral, no Centro Herzliya, em alusão à promessa feita à Rainha Ester.
Ultimatos e à procura de cunho
Em 2016, de novo no Governo a convite de Benjamin Netanyahu, Lieberman declarou que dava 48 horas ao líder do Hamas, para devolver os corpos dos soldados israelitas.

Caso Ismail Haniyeh não acedesse, Lieberman acenava com a ameaça de assassinato.

As diatribes continuaram, em 2017, com o apelo do então ministro da Defesa para boicotar os cidadãos árabes da região de Wadi Ara, com o argumento de que “não pertencem ao Estado de Israel”.

Lieberman aludia às centenas de pessoas que protestaram, ao longo da Estrada 65, no norte de Israel, contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em maio, ao fim de dois anos como ministro da Defesa, era-lhe apontada falta de conhecimentos militares e de segurança, bem como experiência e influência. A propósito de Lieberman, dizia-se que sabe como começar uma guerra, mas não sabe como acabar com ela.
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