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Debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República

Luís Montenegro considera que "mensagem política" da flotilha está "executada"

O primeiro-ministro pronunciou-se esta quinta-feira sobre a detenção, por Israel, de ativistas que seguiam na flotilha humanitária até Gaza, entre os quais três portugueses. Luís Montenegro considera que a "mensagem política" dos participantes está executada e espera que "o retorno destes portugueses possa acontecer sem nenhum tipo de incidente".

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: José Sena Goulão - Lusa

Do ponto de vista da mensagem política (…), ela estará neste momento executada. A ajuda humanitária propriamente dita que a flotilha levava, aquilo que eu desejo é que toda a ajuda humanitária – que vai muito para além, mas muito mesmo para além daquilo que esta iniciativa proporcionava - deve ser garantida”, declarou o chefe de Governo aos jornalistas em Copenhaga.

“Se me pergunta se fosse eu a querer emitir uma mensagem política se fazia daquela maneira, eu não faria daquela maneira. Mas tenho respeito, naturalmente, por aqueles que pensam de maneira diferente”, vincou.

O primeiro-ministro quis ainda relembrar que “há muito tempo que Portugal tem sido insistente no contexto internacional relativamente à necessidade de observar não só todo o direito humanitário que vigora na ordem jurídica internacional, como a situação concreta que é preciso ultrapassar de fazer chegar àquele território toda a ajuda humanitária”.

Luís Montenegro assegurou que aquilo que neste momento interessa ao Governo “é salvaguardar a forma tranquila com que os nossos cidadãos devem ter oportunidade de regressar ao nosso território”.

“Não é de desprezar a circunstância de uma destas pessoas ser, além do mais, titular de um órgão de soberania”, acrescentou.
Na quarta-feira, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte foram detidos pelas autoridades israelitas.

Segundo a Flotilha Sumud Global, “as forças navais israelitas intercetaram e abordaram ilegalmente” mais de duas dezenas de embarcações e “as transmissões em direto e as comunicações foram cortadas”, o que considera “um ataque ilegal contra trabalhadores humanitários desarmados”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou esta quinta-feira que alguns dos ativistas da flotilha vão ser transferidos para território israelita e garantiu que os detidos "estão seguros e de boa saúde".

Em comunicado, Telavive adianta que irá iniciar os procedimentos de deportação para a Europa depois de os detidos serem transferidos para Israel.
Montenegro espera que tudo se processe "com grande normalidade"
Nas declarações aos jornalistas esta manhã, o primeiro-ministro português disse não ter informações sobre o estado em que se encontram os cidadãos detidos nem sobre quando poderão voltar a Portugal.

“A nossa expetativa é que tudo se vá processar com grande normalidade e que o retorno destes portugueses possa acontecer sem nenhum tipo de incidente”, transmitiu Luís Montenegro. “Tem sido esse o quadro que nos tem sido transmitido pelas autoridades israelitas”.

“Se houver necessidade de algum mecanismo de cooperação [com outros países], nós estaremos disponíveis para poder participar”, acrescentou.

O chefe de Governo reiterou que “o que temos de salvaguardar é o apoio consular aos cidadãos portugueses e a forma tranquila como queremos que eles regressem a Portugal”.

Montenegro relembrou ainda que, antes das detenções, o Governo português fez uma comunicação “no sentido de se proceder a um cuidado redobrado a partir do momento em que a flotilha estava a aproximar-se do território de Israel e também de Gaza”.

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