Macron condena plano de Trump. Presidente francês pede respeito por palestinianos

por Inês Moreira Santos - RTP
Christian Hartmann - Reuters

O presidente norte-americano tem insistido na ideia de "esvaziar" e comprar Gaza. Declarações que têm sido amplamente condenadas. Emmanuel Macron juntou-se às vozes críticas do plano de Donald Trump e apelou ao respeito tanto pelos palestinianos como pelos vizinhos árabes, rejeitando a sugestão de deslocar a população para outros países, como a Jordânia e o Egito.

“Não podemos dizer a dois milhões de pessoas, ok, agora adivinhem? Vocês vão mudar-se'”, depreciou o presidente francês, em entrevista à CNN, na quinta-feira, no Palácio do Eliseu antes da cimeira sobre Inteligência Artificial.

“A solução não é uma operação imobiliária, é uma operação política”, disse, referindo-se ao repetido plano de Trump de expulsar os palestinianos de Gaza e tornar o território uma “Riviera do Médio Oriente”.

Quando o conflito escalou a 7 de março de 2023, com o massacre perpetrado pelo Hamas, o chefe de Estado francês manifestou o apoio a Israel em se defender. Contudo, Macron não deixou de criticar publicamente as operações militares israelitas em Gaza e no Líbano, tendo inclusive suspendido a exportação de armamento para as Forças de Defesa de Israel, em outubro de 2024.“Sempre reiterei a minha discordância com o primeiro-ministro Netanyahu”, disse Macron na entrevista. “Não acredito, mais uma vez, que uma operação tão massiva, às vezes visando civis, seja a resposta certa”.

Uma resposta e solução “eficiente” para Gaza, na perspetiva de Macron, “não significa automaticamente que possam faltar ao respeito às pessoas ou aos países”, considerando a vontade dos palestinianos em ficar na terra natal e a relutância da Jordânia e do Egito em aceitar refugiados vindos de Gaza.

Apesar de reconhecer que, anteriormente, a Administração norte-americana teve medidas importantes e “eficazes” no Médio Oriente, mas agora trata-se de uma “situação política” e, sobretudo, “um problema humanitário”.

“Não é um território deserto. É o local onde vivem dois milhões de pessoas e onde querem viver”
, argumentou, recordando que têm esse direito. “Acho que temos de manter os nossos princípios”.

Emmanuel Macron não concorda que se expulse os palestinianos de Gaza, principalmente quando “toda a gente reconhece” que aquele território lhes pertence e “quando têm a legitimidade de ficar no território deles”.

“Acho que devemos respeitar a vontade dos palestinianos ficarem. E temos de respeitar a Jordânia, o Egito, porque querem garantir a própria segurança”.

O presidente francês acredita que para haver uma “solução eficiente” tem de haver também “respeito coletivo” e, nesse sentido, deixou a sugestão de os países árabes e os Estados Ocidentais tentarem preparar um acordo para reconstruir Gaza e o futuro do território.
Tópicos
PUB