Madrid decidida a impedir regresso em segredo de Puigdemont à Catalunha

por Graça Andrade Ramos - RTP
Carles Puigdemont segunda-feira dia 22 de janeiro, ao chegar a Copenhaga vindo do seu refúgio em Bruxelas. Reuters

O ministro do Interior de Espanha, Juan Ignacio Zoido, garantiu esta manhã na televisão pública, TVE, que tudo está a ser feito pelas forças da ordem para impedir que o líder independentista Carles Puigdemont regresse incógnito à Catalunha.

Ao responder à possibilidade do líder catalão poder entrar às escondidas na Catalunha, Zoido garantiu que as forças da ordem estão alerta "por todo o lado", para impedir que ele entre secretamente "de helicóptero, ultraleve ou barco", até "na mala de um carro".

"Estamos a trabalhar de forma a impedir que isso suceda, nas fronteiras e dentro das fronteiras, por todo o lado", afirmou Zoido, confirmando que o objetivo é impedir que Puigdemont chegue ao Parlamento onde possa ser investido.

"Vamos fazer de forma a que ele não possa lá entrar, nem mesmo dentro da mala de um carro", disse, reconhecendo que está "muito preocupado porque não sabemos o que esperar de uma pessoa que se comporta assim".Puigdemont está na Bélgica desde finais de outubro para evitar ser detido pela polícia espanhola. Depois das eleições de 21 de dezembro terem dado maioria parlamentar aos partidos independentistas, foi nomeado como único candidato à presidência da Generalitat, o Governo autónomo catalão.

Se entrar em território espanhol, Puigdemont arrisca ser detido por "rebelião", "sedição" e "desfalque".

O ministro Zoido revelou que está a trabalhar intensamente com especialistas da Guardia Civil e da Polícia Nacional, "manhã, tarde e noite", para que o líder catalão não possa regressar em segredo.

"A fronteira a cobrir é muito extensa", reconheceu, cortada tanto por caminhos rurais como por grandes vias e pode ser atravessada "de helicóptero, de ultraleve, de barco".

Carles Puigdemont viajou segunda-feira de Bruxelas para a Dinamarca no quadro de promoção internacional da independência catalã. Arriscava ser preso, mas o Supremo Tribunal de Madrid decidiu não retomar o mandado de captura internacional que pende sobre o líder catalão, como pedia o Ministério Público.
Regresso seria "boa notícia" para Espanha
Questionado por sua vez quanto a um possível regresso à Catalunha, Carles Puigdemont disse esta manhã que isso seria uma "boa notícia", não só para os seus apoiantes mas também para o povo espanhol e para a democracia em Espanha.

Em Copenhaga, para onde viajou para uma conferência, o líder catalão sublinhou que "uma enorme maioria" do Parlamento catalão o apoia como presidente.

"O meu regresso a Barcelona será não somente boas notícias para o povo catalão que apoia a nossa causa mas também para o povo espanhol e para a democracia em Espanha", afirmou.

Puigdemont não esclareceu de que forma ou quando pensa regressar à Catalunha.
Peso da Justiça irá "cair sobre ele"
Apesar das promessas de Zoido quanto à eventual captura de Puigdemont, o ministro ainda não soube explicar como é que as tão procuradas urnas, preparadas para o referendo de autodeterminação de 1 de outubro de 2017  puderam chegar a todo o lado na Catalunha apesar da proibição de Madrid e dos esforços das forças da ordem para as apreender.Madrid cita "juristas do parlamento catalão" para afirmar que Puigdemont não pode ser investido Presidente da Generalitat por via eletrónica, como chegou a ser avançado pelos independentistas. Tem por isso de regressar ao país e arriscar a prisão.

"Que ele venha ou senão, que outro seja candidato à presidência" do Governo catalão, avançou o ministro espanhol apesar do presidente do Parlamento catalão ter declarado segunda-feira Puigdemont como único candidato à investidura.

Puigdemont "está em situação de rebelião, ele está a fugir à justiça espanhola e e não pode ser ele a determinar o desenrolar dos acontecimentos", disse ainda Zoido na TVE, acusando-o de ter "montado um circo" a partir de Bruxelas.

"O peso da Justiça irá cair sobre ele também", tal como caiu sobre três deputados independentistas já detidos, prometeu o ministro.
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