Pelo menos 43 crianças foram mortas pelas Forças Armadas em Myanmar desde o início do golpe militar a 1 de fevereiro, revela a organização de direitos humanitários Save the Children.
Várias testemunhas afirmaram que as Forças Armadas atacavam aleatoriamente as pessoas na rua e várias foram mortas nas suas próprias casas.
A família da menina de 7 anos Khin Myo Chit, afirmou à BBC que a criança foi morta quando corria em direção ao pai, durante uma operação na sua cidade natal de Mandalay no final de março.
“Eles pontapearam a porta para a abrir”, afirmou a irmã de 25 anos. “Quando a abriram, perguntaram se havia mais alguém em casa”.
“O meu pai respondeu que não” e os militares acusaram-no de estar a mentir e começaram a revistar a casa.
Foi nessa altura que Khin Myo Chit correu para os braços do pai. “Então os militares bateram-lhe e dispararam sobre ela”, acrescentou May Thu Sumaya.
A Save the Children revelou ainda que entre os pelo menos 536 mortos, desde o início do golpe de Estado, está um rapaz de 14 anos que supostamente foi baleado quando estava perto da sua casa em Mandalay, e outro menino de 13 anos que foi atingido em Yangon quando brincava na rua.
A associação alerta que o número de crianças feridas em confrontos também deve ser significativo, citando o caso do bebé de um ano que foi atingido por uma bala de borracha na vista.
“As crianças testemunham violência e terror”, acrescenta a Save the Children em comunicado e “está claro que Myanmar não é um lugar seguro para as crianças”.
A violência em Myanmar gerou protestos em vários países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido – que anunciaram sanções contra os responsáveis pelo golpe de Estado e empresas ligadas aos militares.
Para Dominic Raab, o responsável dos Negócios Estrangeiros britânico, “os militares em Myanmar chegaram a um nível de carnificina desenfreada de pessoas inocentes, incluindo crianças”.