Um juiz boliviano ordenou esta sexta-feira a detenção do ex-presidente Evo Morales por "tráfico" de menor, depois de este não ter comparecido a audiências duas vezes numa semana.
Primeiro chefe de Estado boliviano de origem indígena, entre 2006 e 2019, Evo Morales é acusado de “tráfico” de menor depois de um alegado acordo celebrado com os pais da rapariga.
Segundo a acusação, Morales, de 65 anos, manteve uma relação com a menor
em 2015, quando era presidente, com o consentimento dos pais em troca
de favores. Da relação nasceu uma filha, um ano depois. O ex-presidente já havia sido intimado a depor em outubro de 2024, mas também não compareceu à audiência.
Segundo a procuradora Sandra Gutierrez, o documento apresentado pelos seus advogados mencionava broncopneumonia e possível bradicardia. Gutiérrez decidiu então que, como medida cautelar, Morales devia ser submetido
a uma avaliação médica com os resultados a serem participados num prazo de até 48
horas.
Na altura ficou também decidido que uma nova ausência do ex-presidente faria com que ele fosse considerado pessoa in absentia, e que seria emitido contra ele um mandado de prisão.
Advogado substitui Morales
Uma nova audiência foi então marcada para esta sexta-feira, com Morales a repetir a não comparência. Também foi convocada a mãe da jovem com quem o ex-presidente alegadamente manteve relações, mas também não compareceu.
“É ordenado um mandado de detenção contra os acusados”, declarou Nelson Rocabado, juiz de Tarija (sul), durante a audiência transmitida pelo canal nacional Bolivia TV.
Na altura ficou também decidido que uma nova ausência do ex-presidente faria com que ele fosse considerado pessoa in absentia, e que seria emitido contra ele um mandado de prisão.
Advogado substitui Morales
Uma nova audiência foi então marcada para esta sexta-feira, com Morales a repetir a não comparência. Também foi convocada a mãe da jovem com quem o ex-presidente alegadamente manteve relações, mas também não compareceu.
“É ordenado um mandado de detenção contra os acusados”, declarou Nelson Rocabado, juiz de Tarija (sul), durante a audiência transmitida pelo canal nacional Bolivia TV.
Segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI), o advogado de Morales, Jorge Pérez, compareceu em ambas audiências desta semana em nome do seu constituinte.
Pérez declarou que o ex-presidente “nunca foi notificado” sustentando que o aviso de não comparecimento, o mandado de prisão e a acusação formal emitida são “ilegais”.
O advogado reiterou que seu cliente é inocente e alegou que Morales está a ser vítima de perseguição política.
"Perseguição"
O ex-presidente considera-se vítima de uma “guerra jurídica” orquestrada pelo governo do actual chefe de Estado, Luis Arce, seu antigo aliado e agora rival pela nomeação do partido de esquerda no poder, com vista às eleições presidenciais de Agosto de 2025.
Morales alega que querem impedi-lo de voltar a concorrer.
O ex-presidente afirma ainda ter sido vítima de um golpe de Estado, em 2019, depois de ser acusado de fraude nas eleições legislativas para se manter no poder. O presidente refugiou-se na Argentina até 2020, tendo depois regressado à Bolívia.
Em outubro de 2024, o governo do novo líder argentino, Xavier Milei, anulou o estatuto de refugiado concedido a Morales pelos seus antecessores, Alberto Fernández (2019-2023) e Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015).
O Ministério da Justiça argentino alegou que o estatuto "foi utilizado indevidamente como ferramenta política" por Alberto Fernández, "omitindo o cumprimento dos requisitos estabelecidos" pela lei argentina de reconhecimento e proteção dos refugiados.
A Bolívia continua a viver tempos agitados, sobretudo devido a uma crise económica que afeta particularmente os mais pobres.
Há quatro dias, centenas de agricultores e de trabalhadores, da área política socialista do ex-presidente, manifestaram-se na capital La Paz, para protestar contra a crise econômica e para pedir a libertação dos "presos políticos" detidos após os bloqueios de estradas realizados entre outubro e novembro de 2024.
A "marcha comunitária pela vida" começou dia 10 de janeiro, sexta-feira, na cidade de Patacamaya, a cerca de 100 Km ao sul da capital.
Os manifestantes protestaram contra o agravamento dos preços de produtos básicos. No final de 2024, a taxa de inflação anual acumulada na Bolívia, foi de 9,9 por cento, a mais alta dos últimos 16 anos.
Os manifestantes exigiram soluções para a escassez de combustível e de dólares no mercado financeiro, que se agravou desde o ano passado, depois do governo ter quase esgotado as suas reservas internacionais para subsidiar as importações de diesel e gasolina.
Os manifestantes protestaram contra o agravamento dos preços de produtos básicos. No final de 2024, a taxa de inflação anual acumulada na Bolívia, foi de 9,9 por cento, a mais alta dos últimos 16 anos.
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