Mariano Rajoy destituído pela moção de censura do PSOE

por RTP
Pedro Sánchez (esq.), o novo chefe do governo, cumprimenta Mariano Rajoy após a votação da moção de censura. Reuters

Tratou-se de uma mera formalidade, depois do apoio anunciado pelos nacionalistas bascos à moção de censura do PSOE de Pedro Sánchez. O Congresso dos Deputados acaba de aprovar o documento que destitui Mariano Rajoy do cargo de presidente do governo espanhol com 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção. O socialista Pedro Sánchez é o senhor que se segue.

O destino de Mariano Rajoy como presidente do governo espanhol ficou selado com o anúncio de ontem da decisão dos nacionalistas bascos de votarem favoravelmente a moção de censura do PSOE.Mariano Rajoy esteve no poder durante seis anos e Pedro Sánchez toma posse amanhã, sábado, para tentar acabar a legislatura que termina em 2020.

A iniciativa surgiu na sequência das decisões judiciais do Caso Gurtel, que levou à condenação de vários antigos membros do PP, de Mariano Rajoy, por corrupção.

Ficando provado que o PP beneficiou um esquema ilegal usado para conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro, o próprio partido foi condenado ao pagamento de uma multa de 245 mil euros.

Razão suficiente para a perda de credibilidade junto dos eleitores espanhóis, na opinião do líder do PSOE, Pedro Sánchez, que levou à câmara uma moção com vista à destituição de Mariano Rajoy, líder do governo e líder do PP.

Finda a votação, Pedro Sánchez tornou-se de imediato presidente do goerno espanhol uma vez que em Espanha as moções de censura ao executivo são construtivas.

A iniciativa socialista chegou no entanto a vogar nas águas da incerteza durante vários dias, face à insuficiência do grupo de deputados do PSOE para garantir a aprovação da moção de censura. As dúvidas dissiparam-se apenas na tarde de ontem, véspera da votação: “Acreditamos que estamos a responder como a maioria dos bascos deseja e que estamos a cumprir com a nossa responsabilidade ao votar sim [na moção de censura]”, declarou por fim Aitor Esteban, o porta-voz do PNV.A favor 180: PSOE (84), Podemos (67), ERC (9), PDeCAT (8), PNV (5), Compromis (4), EH Bildu (2) e Nueva Canarias (1).

Contra 169: PP (134), Ciudadanos (32), UNP (2) e Foro Asturias (1).

Abstenção: Coligação Canária (1). 

Cinco votos que viabilizaram a maioria (pelo menos 175+1) necessária para fazer cair Rajoy. Estava decidido o destino do executivo popular eleito há dois anos, marcando para Mariano Rajoy o fim de uma liderança do executivo que exercia desde 2011.

A precisar de 175 votos mais um para garantir a maioria da votação numa câmara com 350 deputados, Pedro Sánchez contou com 84 votos da sua bancada, 67 do Podemos, 9 e 8 dos catalães independentistas ERC e PDeCAT, 4 do Compromis, 2 do EH Bildu e 1 do Nueva Canarias. Contou também com esses 5 votos dos nacionalistas bascos, reunindo a moção uma maioria de 180 deputados no Congresso dos Deputados.

Votaram contra o documento os 134 deputados do PP, 32 do Ciudadanos, 2 da UNP e 1 do Foro Asturias, soma insuficiente para segurar Mariano Rajoy. Absteve-se o representante na câmara da Coligação Canária.

Mariano Rajoy recusou até à última apresentar a demissão. Uma hora antes da votação, e apesar de ter falhado o início do debate desta manhã, subiu ao palanque para reconhecer a derrota, fazendo questão de ser o primeiro a felicitar o líder do PSOE: “Podemos presumir que a moção de censura será adotada, tendo como consequência que Pedro Sánchez será o novo presidente do Governo”.

“Foi uma honra deixar Espanha melhor do que a encontrei”, acrescentaria o então ainda chefe do governo espanhol, para desejar que Pedro Sánchez seja capaz de fazer o mesmo.
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