Memorando do ex-diretor do FBI revela pressões de Trump

por Jorge Almeida - RTP
Carlos Barria - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos terá mesmo pedido a James Comey para o FBI encerrar a investigação ao seu Conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, noticiam esta quarta-feira os média norte-americanos. No mesmo encontro na Sala Oval, sugeriu também a detenção jornalistas que publicassem fugas de informação.

As revelações fazem parte de um documento em que o ex-diretor do FBI escreveu "tudo o que se podia lembrar" das conversas com Donald Trump.

"Eu espero que você possa abandonar isto", escreveu Comey, citando o Presidente dos EUA num memorando noticiado pela CNN, a partir de fontes anónimas. Trump referia-se à investigação sobre as ligações do ex-conselheiro Michael Flynn e seu ex-diretor de campanha sobre as alegadas ligações às autoridades russas, durante a última campanha eleitoral.

As mesmas fontes disseram que James Comey estava tão chocado com o pedido de Trump no encontro na Sala Oval, a 14 de fevereiro, que fez questão de documentá-lo para partilhar memórias com altos funcionários do FBI.

O ex-diretor do FBI, James Comey, documentou os encontros com Trump. Foto: Jonathan Ernst - Reuters

No meio deste grave embaraço político, a Casa Branca, rejeitou as novas alegações, relatadas pela primeira vez no New York Times.

"Embora o Presidente tenha repetidamente manifestado a opinião de que o general Flynn é um homem decente que serviu e protegeu o nosso país, o Presidente nunca pediu ao sr. Comey ou a qualquer outra pessoa para encerrar qualquer investigação, incluindo qualquer investigação envolvendo o general Flynn", escreveu num comunicado a Casa Branca.
Prender jornalistas
Os pedidos de Donald Trump ao então diretor do FBI não se ficaram pelo encerramento da investigação. Segundo fontes próximas do processo, o Presidente terá pedido a Comey para travar os repórteres, afirmando que são “um inimigo do povo americano”, e que deveria ser mais fácil processar jornalistas.

Foto: Yuri Gripas - Reuters

Num país cujo edifício constitucional impede qualquer limite à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, estas alegações de Comey são uma autêntica “bomba atómica” nos meios políticos e jornalísticos do país. Muitos analistas consideram que as ondas de choque deste caso vão ser devastadoras para o futuro de Trump.

Em declarações ao jornal The New York Times, o diretor executivo do Comité de Repórteres para a Liberdade de Imprensa, Bruce Brown, afirmou: "Os comentários atribuídos ao Presidente Trump atravessam uma linha perigosa. As observações do presidente não devem intimidar a imprensa, mas inspirá-la.”

Desde que lançou a candidatura à Presidência, em junho de 2015, Trump tem repetidamente criticado os órgãos de comunicação social e particularmente alguns jornalistas, acusando-os de serem desonestos ou corruptos.
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