O ministro da Saúde brasileiro admitiu, numa comissão parlamentar de inquérito, que o distanciamento social vai ser necessário até à conclusão do processo de vacinação.
O ministro foi questionado por senadores, principalmente da oposição, sobre as declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a minimizar o impacto da pandemia e sobre as críticas do chefe de Estado ao uso de máscaras e medidas de isolamento.
Queiroga afirmou, repetidamente, não estar em condições de "fazer julgamentos de valor" ou censurar as "opiniões pessoais" do presidente, mas frisou que o Ministério da Saúde está comprometido na procura de vacinas e na promoção de "medidas não farmacológicas" para conter o contágio.
"O meu papel não é criticar o presidente ou outros ministros", mas sim tentar convencer os brasileiros a manter "os cuidados necessários", declarou o ministro e médico.
Em relação a possíveis confinamentos ou às restrições que Bolsonaro tem rejeitado, o ministro reconheceu que "essas medidas extremas podem ser aplicadas em situações específicas em algum município", mas descartou que possam ser impostas a nível nacional, num país tão grande como Brasil, com 212 milhões de habitantes.
Mesmo assim, frisou que este tipo de restrição "não conta com a adesão de toda a população", pelo que é recomendável que se incentive o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool-gel, apesar de essas não serem práticas habituais de Bolsonaro.
O ministro insistiu que, embora a curva pandémica tenha diminuído nas últimas semanas, em número de mortes e de casos, "não é hora de relaxar", mas de acentuar todas as medidas preventivas para evitar uma nova vaga.
O governante admitiu ter sido divulgado um número sobrestimado de vacinas já contratadas contra a covid-19.
Nesta quinta-feira, a CPI tinha previsto ouvir o depoimento do diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador), Antonio Barra Torres, mas a audição foi adiada para a próxima semana por falta de tempo.
A investigação parlamentar no Senado, que tem um prazo inicial de 90 dias, tem como objetivo determinar as responsabilidades pelos problemas na gestão da pandemia.