Netanyahu debaixo de fogo por negócio de submarinos alemães

por RTP
Reuters

Os negócios com submarinos alemães deixaram de ser uma polémica exclusiva de Portugal. Agora é o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que está debaixo de fogo por alegadamente ter colocado o seu advogado, que também representa a empresa alemã HDW, a servir de pivot na compra de três submarinos, aquisição que mereceu a oposição dos militares (IDF – Israel Defense Forces) e do seu antigo ministro da Defesa, Moshe Ya’alon.

De acordo com uma investigação que passou esta terça-feira na cadeia de televisão israelita Channel 10, David Shimron, advogado pessoal de Benjamin Netanyahu que também trabalha para os alemães da Howaldtswerke-Deutsche Werft AG (HDW), estaria a manobrar o negócio dos submarinos ao servir de canal de comunicação entre o gabinete do primeiro-ministro e os responsáveis da empresa alemã.

O advogado de Netanyahu já negou ter desempenhado esse papel no negócio dos três submarinos classe Dolphin-2, que custarão a Israel quase 1,5 mil milhões de euros. Shimron nega qualquer envolvimento nesta aquisição, mas a sua pegada no negócio dos submarinos está marcada pela tentativa de tirar a manutenção dos vasos de guerra da estrutura das IDF e entregar a tarefa a um estaleiro da HDW.

HDW é dada a polémicas

Curiosamente ou não, a HDW é a empresa alemã responsável pela construção do Tridente e do Arpão, os dois submarinos negociados por Paulo Portas em 2004, por mil milhões de euros, quando ocupava o lugar de ministro da Defesa do Executivo Barroso.
Nessa altura, Shimron trabalhou com Miki Ganor, representante do fabricante alemão, promovendo negociações com a Histadrut (união de sindicatos de Israel) e com o representante máximo dos trabalhadores do exército.

“Eu não falei com nenhum representante do governo em relação à privatização dos estaleiros navais. Também não envolvi qualquer representante do governo na questão dos vasos de guerra adquiridos pelo Estado de Israel. Em relação à reunião com o líder da Histadrut, é um facto que acreditamos que se a manutenção fosse transferida para o sector privado, o melhor seria conversar com os sindicatos”, declarou David Shimron, deixando uma última nota: “E não discuti qualquer uma destas matérias com o primeiro-ministro”.

O negócio dos Dolphin-2 – destinados a substituir tês submarinos velhos e renovar a frota israelita – tem conhecido avanços e recuos. Assim, numa primeira fase o primeiro-ministro decidiu avançar com a aquisição, para aparecerem depois as vozes discordantes. Moshe Ya’alom terá conseguido travar uma compra que não lhe fora comunicada, situação em que estava o negócio aquando da sua demissão em Maio passado após um confronto aberto com Netanyahu.

De acordo com o Channel 10, a saída de Ya’alom daria novo fôlego ao primeiro-ministro, que acertava pouco depois o negócio com os alemães. Há duas semanas, no Knesset (Parlamento israelita), Benjamin Netanyahu aborda o assunto, declarando que Israel deverá adquirir três submarinos à Alemanha. O executivo confirma o negócio.

Quanto ao esquema denunciado pelo Channel 10, um porta-voz do primeiro-ministro veio já rejeitar as acusações que lhe são feitas: “Netanyahu não conhece [Miki] Ganor como não conhece também qualquer ligação entre ele e [David] Shimron, que nunca discutiu os assuntos dos seus clientes com o primeiro-ministro. A única motivação por detrás do negócio com os alemães é puramente estratégica e económica”.
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