Nigéria. Chefe do exército promete combater milícias islamitas do norte

Promessa surge na semana em que Donald Trump admitiu enviar tropas para combater as milícias islamitas no nordeste da Nigéria.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Nigéria. Chefe do exército promete combater milícias islamitas do norte Ahmed Kingimi - Reuters

O tenente-general Waidi Shaibu, novo chefe do Exército da Nigéria prometeu, esta sexta-feira, intensificar as operações militares contra as milícias islamistas no nordeste do país, responsáveis pelo massacre de milhares de cristãos, numa perseguição religiosa que já obrigou à fuga de milhões.

"Vamos prosseguir esta luta com energia renovada, foco claro e dedicação absoluta para acabar com esta ameaça de uma vez por todas", afirmou Shaibu, durante a sua primeira vivista operacional a Borno, a principal cidade do nordeste nigeriano. As milícias pretendem estabelecer um estado islâmico na área. Em 16 anos, evitaram a captura pelos militares refugiando-se em bases estabelecidas nos países vizinhos.

A perseguição contra os cristãos nigerianos tem vindo a intensificar-se, a ponto do presidente dos EUA, Donald Trump, ter ameaçado intervir, caso Abuja não consiga conter os islamitas.

Na semana passada, Trump designou a Nigéria como um "país de preocupação especial", numa lista de países que, segundo os EUA, violaram a liberdade religiosa. 

Sábado, dia 1 de novembro, o presidente norte-americano afirmou ter solicitado ao Departamento de Defesa que se preparasse para uma possível ação militar "rápida" caso a Nigéria não reprima o assassinato de cristãos.
Massacre de mais de 200 cristãos

Muitos dos ataques dos islamitas visam aldeias e pequenos contingentes, numa pressão constante. Por vezes, as ações dos extremistas assumem contornos genocidas.
 
Em junho passado, o Papa Leão XIV, denunciou na Praça de São Pedro a ocorrência de um dos piores massacres dos últimos meses na Nigéria.

“Aconteceu um terrível massacre, em que cerca de duzentas pessoas foram mortas com extrema crueldade, a maioria das quais deslocados internos, acolhidos pela missão católica local”, relatou o sumo pontífice da Igreja Católica. 

“Rezo para que a segurança, a justiça e a paz prevaleçam na Nigéria, país amado e tão atingido por várias formas de violência, e rezo de modo especial pelas comunidades cristãs e rurais do estado de Benu, que têm sido incessantemente vítimas da violência”, acrescentou Leão XIV.

O massacre ocorreu na noite de sexta-feira, 13 de junho, e os terroristas tiveram como alvo principal as famílias deslocadas, incendiando os edifícios onde dormiam e esfaqueando todos os que tentavam fugir

As famílias encontravam-se em edifícios que tinham sido adaptados para alojamento temporário na praça do mercado, em Yelewata, na área governamental de Guma, perto de Makurdi, quando os militantes jihadistas invadiram o local aos gritos de “Allahu Akhbar” – Deus é grande –, antes de começarem com a carnificina.
Diretiva presidencial
Esta sexta-feira, em Borno, Shaibu instou os soldados a manterem a pressão sobre os grupos insurgentes Boko Haram e Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP) e prometeu melhorias na logística, no bem-estar e no apoio ao combate, numa tentativa de motivar as tropas.

A sua visita à região acontece após uma directiva do presidente da Nigéria, Bola Tinubu, para revitalizar os esforços de combate ao terrorismo, informou o exército. 

Apesar dos avanços alcançados pelas forças armadas nigerianas nos últimos anos, o Boko Haram e o ISWAP intensificaram os ataques a bases militares em Borno este ano e também têm como alvo civis.

A Nigéria tem quase 240 milhões de habitantes, sendo o país mais populoso de África. A idade mediana é de 18 anos e a taxa de crescimento populacional é rápida, rondando os 4,53 por cento. As principais religiões são o cristianismo e o islamismo.
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