Novas sanções de Washington agravam tensão com Moscovo

por Carlos Santos Neves - RTP
O pacote de sanções dos Estados Unidos é conhecido num contexto de agravamento da tensão diplomática entre Moscovo e o Ocidente, em particular com o Reino Unido Maxim Shemetov - Reuters

A Administração Trump anunciou esta quinta-feira a imposição de um pacote de sanções a 19 cidadãos russos, acusando-os de ingerência na eleição presidencial norte-americana de 2016 e de ciberataques. Entre os visados estão os 13 nomes indiciados pelo procurador especial Robert Mueller.

Os russos agora sancionados por Washington são acusados de levar a cabo “ciberataques destrutivos e intrusões tendo por alvo infraestruturas críticas”, nas palavras do secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin.

As sanções, prosseguiu o responsável, constituem também uma resposta a “ataques nefastos em curso”. Estas medidas punitivas abrangem cinco grupos, incluindo estruturas dos serviços secretos russos.

O secretário do Tesouro prometeu sanções adicionais contra “altos funcionários e oligarcas” por alegadas “atividades desestabilizadoras”. Mnuchin não detalhou o calendário de aplicação do pacote de sanções, mas adiantou que estas vão cortar o acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos.

Moscovo já reagiu, anunciando, por sua vez, “represálias”.

“Reagimos com calma. Começámos a preparar medidas de retaliação”, afirmou o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiross, Sergei Ryabkov, em declarações citadas pela agência Interfax.

Ryabkov sugeriu ainda que as novas sanções norte-americanas estarão “ligadas à campanha eleitoral” para as presidenciais na Rússia, que se realizam no próximo domingo.

As sanções visam, entre outros alvos, a denominada Agência de Investigação da Internet, estrutura russa que terá inundado as redes sociais norte-americanas com conteúdos políticos em 2016, e Yevgeniy Viktorovich Prigozhin, tido como um dos principais financiadores desta estratégia e próximo de Vladimir Putin.
A frente britânica
O pacote de sanções dos Estados Unidos é conhecido num contexto de agravamento da tensão diplomática entre Moscovo e o Ocidente, em particular com o Reino Unido.

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros anunciara esta quinta-feira a intenção de expulsar, a breve trecho, um conjunto de diplomatas britânicos. Isto depois de Londres ter dado ordem de retirada a 23 elementos do corpo diplomático russo no Reino Unido, na sequência do envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e da filha, Julia Skripal.

Sergei Lavrov voltou a rebater a posição do Governo de Theresa May, que acusou a Rússia de envolvimento no ataque ao antigo agente dos serviços secretos, perpetrado no sul de Inglaterra.

Na Casa Branca, à margem da receção ao primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar, o Presidente norte-americano posicionou-se ao lado de Londres.

“Realmente parece que os russos estiveram por detrás disto e estamos a encará-lo muito seriamente”, afirmou Donald Trump.
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