Ocupação da Cidade de Gaza. Portugal "profundamente preocupado"
O Governo português disse esta sexta-feira estar "profundamente preocupado" com a decisão israelita de ocupar a Cidade de Gaza. O Ministério dos Negócios Estrangeiros pediu a suspensão do plano de Benjamin Netanyahu e apelou a um cessar-fogo. Por todo o mundo as reações negativas multiplicam-se, com a Alemanha a anunciar mesmo a suspensão do envio de armas a Israel.
O Governo português está profundamente preocupado com o novo plano do Governo de Israel de ocupação de Gaza. Põe em causa os esforços para o cessar fogo e agrava a tragédia humanitária. Deve ser suspenso, dar lugar a cessar fogo, libertação dos reféns e entrada urgente de ajuda.
— Negócios Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) August 8, 2025
"É cada vez mais difícil compreender" como o plano militar israelita permitiria atingir os seus objetivos na Faixa de Gaza, afirmou, em comunicado, o chanceler da Alemanha, país que é um dos principais aliados de Israel.
"Nessas circunstâncias, o Governo alemão não autoriza, até nova ordem, as exportações de equipamento militar que possa ser utilizado na Faixa de Gaza", declarou Friedrich Merz.
A responsável europeia defendeu um "acesso imediato e sem obstáculos" da ajuda humanitária da Gaza "para entregar o que é urgentemente necessário no terreno".
No início desta semana, a imprensa israelita revelou planos do Governo para a reocupação total da Faixa de Gaza. A decisão agora tomada, porém, contempla especificamente a Cidade de Gaza, a maior do enclave.
O Hamas avisou entretanto que Israel se prepara para cometer um "novo crime de guerra" com o seu plano de tomar o controlo da Cidade de Gaza, "uma aventura criminosa que lhe custará caro".
"A aprovação pelo gabinete sionista dos planos para ocupar a cidade de Gaza e de retirar os habitantes locais constitui um novo crime de guerra que o Exército de ocupação pretende cometer contra a cidade e os seus quase um milhão de habitantes", reagiu o movimento islâmico palestiniano num comunicado.
"Esta aventura criminosa custará caro [a Israel] e não será uma viagem fácil" para o Exército israelita, acrescenta o comunicado, divulgado no Telegram, em que o Hamas adverte que, se Telavive expandir a ofensiva em Gaza, tal significa "sacrificar" os reféns que continuam lá retidos.
"Vai contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel deve pôr termo à sua ocupação o mais rapidamente possível, à concretização da solução de dois Estados e ao direito dos palestinianos à autodeterminação", alertou o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.