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OMS aprova acordo histórico para combater futuras pandemias, EUA exortam países a abandonarem a organização

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Denis Balibouse - Reuters

Os membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) adotaram esta terça-feira em Genebra, na Suíça, um acordo histórico destinado a melhorar a preparação para futuras pandemias, após a resposta global desarticulada à Covid-19, mas a ausência dos EUA lança dúvidas sobre a sua eficácia. Após terem saído da OMS no início do ano, o secretário norte-americano da Saúde, Robert F. Kennedy Jr., considerou a organização "moribunda" e exortou outros países a seguirem os passos dos EUA.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou que após três anos de negociações a adoção do acordo foi "uma vitória para a saúde pública, a ciência e ação multilateral" e que este "garantirá que, coletivamente, possamos proteger melhor o mundo contra futuras ameaças pandémicas".

Após muitos dos países mais pobres terem ficado sem vacinas e diagnósticos durante a pandemia da Covid-19, o acordo quer garantir que medicamentos, terapêuticas e vacinas sejam acessíveis globalmente quando a próxima pandemia chegar. Além disso, exige que os fabricantes destinem 20% das suas vacinas, medicamentos e testes à OMS durante uma pandemia para garantir que os países mais pobres têm acesso.

Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, trata-se de um "reconhecimento da comunidade internacional de que os nossos cidadãos, sociedades e economias não devem ser deixados vulneráveis a sofrer novamente perdas como as sofridas durante a Covid-19".

Após três anos de negociações o acordo foi alcançado esta terça-feira depois de no dia anterior a Eslováquia ter convocado uma votação, uma vez que o seu primeiro-ministro apontou à contestação do acordo. Roberto Fico é conhecido pelo seu ceticismo em relação às vacinas contra a Covid-19.

Cento e vinte e quatro países votaram a favor, nenhum país votou contra e onze países abstiveram-se, entre eles Eslováquia, Polónia, Itália, Israel, Rússia e Irão.
EUA atacam OMS e exortam países a abandonarem

Numa mensagem gravada e dirigida esta terça-feira à Assembleia Anual da OMS, o secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr, criticou a organização como inchada e "moribunda", mencionando que não aprendeu nada com a pandemia. "A OMS duplicou a aposta com o acordo pandémico que irá perpetuar todas as disfunções da resposta pandémica da OMS. Não vamos participar nisso", disse Robert F. Kennedy Jr.

Os EUA, principal financiador da OMS, abandonaram as discussões sobre o acordo pandémico depois de se terem retirado da organização da ONU, no primeiro dia do regresso de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. No dia da votação do acordo, o líder norte-americano apelou para que outros países seguissem os passos dos EUA.

"Exorto os ministros da Saúde do mundo e a OMS a considerarem a nossa retirada da organização como um alerta", afirmou Kennedy Jr. 

De acordo com a OMS, o acordo aprovado esta terça-feira não entrará em vigor até que os membros da organização cheguem a consenso relativamente a um anexo sobre a partilha de informações relativos a agentes pandémicos. As negociações deverão começar no próximo mês de julho.

c/agências 
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