ONG americana acusa Israel de matar quatro dos seus membros em Gaza

por RTP
IDF realizaram três dezenas de ataques em Gaza em apenas 24h00 Hatem Khaled - Reuters

A ONG Anera, de origem norte-americana, anunciou esta sexta-feira a morte num bombardeamento israelita de quatro guardas de uma caravana dos seus veículos que circulava no sul de Gaza.

Fonte da organização afirmou à Agência France Presse que os mortos eram quatro palestinianos de Gaza, que morreram no ataque, ocorrido da véspera. O ataque ocorreu na estrada de Salah al-Din, na Faixa de Gaza, e atingiu o primeiro veículo da coluna, segundo a mesma fonte.

A ONG referiu em comunicado que o ataque "foi realizado sem aviso prévio ou comunicação". A Anera acrescentando que a movimentação da coluna de ajuda estava programada de acordo com "um plano coordenado e claro" com Israel.

As Forças de Defesa de Israel afirmaram que realizaram um "ataque de precisão", depois de "assaltantes armados terem assumido controlo do veículo que liderava o comboio".

O porta-voz militar israelita, tenente-coronel Avichay Adraee, publicou na rede social X (antigo Twitter) que "homens armados ocuparam um carro à frente da coluna (um jipe) e começaram a conduzir".

"Após a operação de apreensão e depois de confirmar a possibilidade de atacar apenas o veículo dos militantes, o ataque foi efetuado, uma vez que os restantes veículos da caravana não foram atingidos e o alvo foi visado de acordo com o plano", escreveu Adraee.

"A operação para atingir os militantes eliminou o risco de apreensão da caravana humanitária. A presença de homens armados dentro de um comboio humanitário de forma descoordenada dificulta a segurança das caravanas e do seu pessoal e prejudica o esforço humanitário", acrescentou.

Quarta-feira, o Programa Alimentar Mundial anunciou que suspendia as suas operações em Gaza após um dos seus veículo ter sido atingido terça-feira por tiros israelitas.

As IDF realizaram três dezenas de ataques em 24h00 no enclave.

Segundo a Anera, as autoridades israelitas afirmaram que o veículo atacado transportava "numerosas armas", mas a ONG garantiu que a caravana era de material médico e combustível destinado ao hospital dos Emirados Árabes Unidos em Gaza e que o transporte foi efetuado pela empresa Move One, com a qual tem "um acordo estrito" para utilizar apenas "elementos de segurança sem armas".

Nenhum membro não-palestiniano da Anera ficou ferido e a caravana continuou o seu caminho até chegar ao hospital dos EAU, completando a entrega de "ajuda crítica", acrescentou.

Este incidente surge na sequência de outro semelhante registado na noite de terça-feira naquela mesma zona, quando uma caravana organizada pelo Programa Alimentar Mundial foi também atacada pelo Exército israelita, que disparou pelo menos dez vezes contra o primeiro veículo, e apenas a blindagem do veiculo protegeu as vítimas.

Como resultado, o PAM suspendeu temporariamente os seus movimentos em Gaza.

Em 23 de julho, a UNICEF afirmou que dois dos seus veículos foram atingidos por munições reais enquanto esperavam num ponto de detenção designado.

Em abril, um ataque israelita atingiu três veículos da World Central Kitchen, matando sete pessoas.

Questionado sobre o incidente mais recente, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretariado-geral da ONU, esclareceu que a organização não esteve envolvida na coordenação desta coluna.

Mas lembrou que com este tipo de ataques "tornou-se quase impossível entregar ajuda humanitária [em Gaza] até que um cessar-fogo seja finalmente alcançado".

com Lusa
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