Três dezenas de opositores iranianos manifestaram-se hoje em frente à sede da ONU em Viena para exigir sanções económicas e medidas para travar o programa de armamento nuclear do país.
"Os `mullahs` [título dado a clérigos islâmicos] são terroristas nucleares e o seu regime é uma ameaça para a paz mundial", afirmou Ehsan Ayatollahi, porta-voz dos manifestantes, apoiantes do Conselho Nacional da Resistência Iraniana (NCIR), referindo-se ao regime de Teerão.
O protesto coincidiu com uma reunião do Conselho de Governadores da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), com sede em Viena, que debateu o controverso programa atómico iraniano, sobre o qual subsistem dúvidas quanto à sua finalidade militar.
"Acreditamos que a AIEA deve levar o caso do regime iraniano ao Conselho de Segurança da ONU e, assim, reativar o mecanismo de sanções já em vigor antes do Plano Global de Ação Conjunta [JCPOA]", disse Ayatollahi à agência noticiosa espanhola EFE.
O JCPOA é o acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irão e os Estados Unidos, a Alemanha, a França, o Reino Unido, a China e a Rússia que limitou as capacidades do programa nuclear iraniano em troca de um alívio das sanções internacionais.
Os Estados Unidos retiraram-se do acordo em 2018, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021), o que levou o Irão a retomar a produção de urânio enriquecido.
O porta-voz dos manifestantes em Viena defendeu que a comunidade internacional deve reconhecer o regime iraniano como "uma ameaça à paz mundial".
Acusou ainda o Governo iraniano de utilizar as negociações sobre o programa nuclear para ganhar tempo para desenvolver armas nucleares e para continuar a reprimir o povo iraniano.
"Sete membros da minha família foram mortos pelo regime. A minha mãe esteve na prisão durante sete anos e o meu pai durante 10. Eu nasci no Irão e, antes de vir para a Áustria, tentaram apanhar-nos e voltar a prender os meus pais", disse Masoud, outro dos manifestantes.
Teerão nega ter ambições militares e defende o seu direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente energéticos, mas o Ocidente argumenta que não existe uma justificação civil credível para a escala das ambições atómicas iranianas.