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Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Organizações humanitárias instam Israel a melhorar procedimentos de segurança

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Reuters

Várias organizações humanitárias que trabalham em Gaza exigiram a Israel que siga os procedimentos de resolução de conflitos e melhore os procedimentos de segurança de forma a manter os seus trabalhadores seguros. O apelo surge na sequência da morte de sete funcionários da ONG World Central Kitchen em ataques israelitas na Faixa de Gaza.

Indignados com a morte de sete funcionários humanitários em ataques israelitas na Faixa de Gaza, vários funcionários de organizações humanitárias pedem que Israel respeite as “leis da guerra” e melhore o sistema de resolução de conflitos.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, um alto funcionário de uma organização humanitária afirmou que os ataques aos trabalhadores humanitários se deviam a “uma lacuna na cadeia de comando dentro do exército israelita”.

“Fazemos isto em todo o mundo: sempre que nos deslocamos para uma área perigosa, coordenamo-nos para resolver o conflito com o exército responsável. Estamos a fazer o nosso trabalho. O que o exército israelense precisa fazer é o deles – o que significa respeitar as leis da guerra”, disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.


“O que aconteceu é, acima de tudo, uma tragédia, mas ficaria surpreendido se a coordenação [com as forças israelitas] continuasse da mesma forma que no passado”, disse outro trabalhador humanitário de uma organização humanitária diferente ao jornal britânico.

Ambos os funcionários afirmaram que as suas organizações estão constantemente a pressionar Israel por melhorias no sistema de resolução de conflitos, incluindo melhores linhas de comunicação e “comando e controlo” dentro das forças armadas israelitas.

Num comunicado após o incidente, a World Central Kitchen (WCK) disse que tinha coordenado os seus movimentos com o exército israelita, mas mesmo assim os três veículos foram atingidos numa estrada costeira ao sair de um armazém em Deir al-Balah, a sul da cidade de Gaza, na noite de segunda-feira. A morte dos sete membros da WCK eleva o número total de trabalhadores humanitários mortos neste conflito para 196, entre os quais mais de 175 são funcionários da ONU.

“O sistema de resolução de conflitos funciona se Israel quiser. Queremos que Israel cumpra o sistema existente, em que os notificamos e eles não nos atingem”, disse Bushra Khalid, conselheiro político da ONG Oxfam para os territórios palestinianos ocupados.

“Não creio que seja um problema do sistema. Acho que há uma relutância em respeitar o sistema e os locais fornecidos”, acrescentou.

As autoridades israelitas, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, classificaram o incidente como “não intencional” e prometeram investigar.

O exército israelita admitiu ter cometido um “erro grave” e o presidente israelita, Isaac Herzog, apresentou as suas "sinceras desculpas" e "profunda tristeza" pelo ataque, que Benjamin Netanyahu descreveu como "não intencional" e "trágico".

Organizações humanitárias suspendem operações
Os pedidos de desculpa e as justificações por parte das autoridades israelitas não foram suficientes para acalmar os receios das várias organizações humanitárias, que decidiram suspender as operações na Faixa de Gaza.

A primeira a suspender as suas operações foi a própria WCK, que era uma das poucas organizações humanitárias que ainda operava na região. Desde o início da guerra, a organização entregou 35 milhões de refeições no enclave.

Outra ONG dos EUA com quem trabalha, a Anera (American Near East Refugee Aid), também suspendeu o trabalho devido aos riscos crescentes enfrentados pelos seus funcionários locais e as suas famílias.

Juntas, a WCK e a Anera serviam dois milhões de refeições por semana em todo o território palestiniano.

A interrupção das operações agrava a situação da população na Faixa de Gaza, onde 1,1 milhões de pessoas (metade da população) estão em situação de fome catastrófica, segundo alertou a ONU.
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