Os negócios falidos de Trump e o modo como escapou aos impostos

As empresas de Donald Trump registaram, entre 1985 e 1994, perdas de cerca de 1,17 mil milhões de dólares. O agora presidente dos Estados Unidos terá perdido mais dinheiro do que qualquer outro contribuinte norte-americano nessa década, o que lhe permitiu escapar ao pagamento de impostos durante oito desses dez anos.

Joana Raposo Santos, RTP /
O enorme volume de perdas permitiu ao agora Presidente evitar o pagamento de impostos durante oito anos Jonathan Ernst - Reuters

Em 1985, o presidente declarou perdas de 46,1 milhões de dólares nos seus principais negócios, que englobavam casinos, hotéis e comércio. Essas empresas continuaram a perder dinheiro a cada ano que passava, totalizando mais de mil milhões de dólares em prejuízo no espaço de uma década.

Em 1990 e 1991, os negócios de Trump perderam mais de 250 milhões de dólares em cada ano, o correspondente a mais do dobro das perdas somadas dos contribuintes que se lhe seguem no ranking dos maiores perdedores.

O enorme volume de perdas permitiu ao agora presidente evitar o pagamento de impostos durante oito desses anos. Desconhece-se se, mais tarde, os Serviços de Receita Federal realizaram auditorias e pediram acertos.

A informação foi avançada pelo New York Times e teve por base informações avançadas por uma fonte com acesso legal aos comprovativos dos impostos de Trump nos anos em questão.O New York Times tinha já acusado Trump de ajudar os próprios pais “a escapar aos impostos” na década de 1990, denunciando casos de “fraude direta” e de desvio de fundos.

De acordo com a publicação, alguns dos principais investimentos de Trump nessa década foram um casino (351,8 milhões de dólares), um hotel (80 milhões) e um hospital que pretendia transformar num complexo de apartamentos (60 milhões).

Foi nessa altura que o presidente conseguiu entrar pela primeira vez de forma individual, independente da fortuna do seu pai, na lista das personalidades mais ricas dos EUA, com uma fortuna avaliada em 600 milhões de dólares.

Trump, que na campanha presidencial se promoveu como homem de negócios bem-sucedido, chegou a atribuir a falência das empresas à recessão de 1990.

O presidente já reagiu, considerando a informação avançada pelo diário norte-americano como “notícias falsas” e um “trabalho altamente impreciso”.


“Há mais de 30 anos, os investidores imobiliários (…) que estivessem a construir ativamente revelavam quase sempre perdas e prejuízos fiscais. Muitas dessas perdas não eram monetárias. Às vezes isso era considerado ‘abrigo fiscal’ e conseguia-se através da construção ou da compra”, explicou.

Um dos advogados do presidente norte-americano também considerou as informações obtidas pelo New York Times como falsas, apesar de não apontar erros específicos. “As afirmações sobre as declarações de impostos de Trump e sobre os seus negócios de há 30 anos são altamente incorretas”, garantiu.
Impostos sob auditoria
O presidente norte-americano tem-se recusado a divulgar as declarações de impostos dos últimos cinco anos, algo que tem sido pedido pelo Comité de Modos e Meios, entidade de maioria democrata que revê e faz recomendações acerca de orçamentos governamentais.

Em abril, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos não cumpriu com o prazo estabelecido pelo Comité para a entrega dos documentos e mencionou preocupações quanto a “abuso da autoridade”.

Trump já assegurou que se opõe à divulgação dos impostos por estes estarem sob auditoria. “Adoraria dar-lhes os impostos, mas não irei fazê-lo enquanto estiverem sob auditoria pelos Serviços de Receita Federal. É muito simples”, declarou.
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