Tem estado a ser difícil circular e simplesmente respirar nas ruas de Pequim nas últimas horas, devido a tempestades de areia e de poeira oriundas da Mongólia e do nordeste da China, atingidas por uma grave seca. Os serviços meteorológicos chineses emitiram um alerta para quinta e sexta-feira, devido à tempestade que está a afetar áreas do norte do país com ventos ciclónicos, areia, chuva e neve.
Desta vez, a quantidade de poeira no ar é menor, mas os ventos sopram mais fortes. Até sexta-feira deverão levar mais rapidamente as partículas até à China central e de leste, de acordo com a Administração Meteorológica da China.
Na manhã de quinta-feira, devido ao terceiro ciclone do ano, múltiplas áreas da Mongólia Interior, uma região autónoma da China, foram afetadas por nuvens de areia empurradas por ventos de categoria nove, com a visibilidade a reduzir-se a menos de 300 metros. Os residentes de Pequim foram aconselhados a ficar em casa e quem saiu à rua debateu-se com rajadas violentas e poeirentas e chuva lamacenta. Nalgumas zonas registaram-se trovoadas.
Apocalyptic skies in Beijing tonight as another sandstorm rolls in, this time with added thunder and lightening. pic.twitter.com/TbjAEE33Cm
— Kathy Long (@ProducerKathy) April 15, 2021
See the sandstorm coming in Beijing today pic.twitter.com/ihng5lSkuE
— Zhou Lei (@ZhouLeiArt) April 15, 2021
Poluíção em níveis gravesJust another ordinary Spring day in Beijing. Taken from the city’s tallest tower (not by me) pic.twitter.com/o2vBKARqi2
— Will Miller 魏洱 (@miller_wf) April 15, 2021
“Não me sinto bem. Já tivemos várias tempestades de poeira este ano”, queixou-se Gary Zi, residente em Pequim onde trabalha no setor financeiro. “A qualidade do ar está muito pior do que noutros anos. É difícil respirar. A areia entra-nos nos olhos e no nariz”, acrescentou.
“Penso que é das alterações climáticas”, afirmou outro residente, Xie, enquanto limpava a poeira do seu motociclo perto do China World Trade Center. “Não podemos fazer grande coisa”.
Mais de metade das tempestades de areia e de poeira que afetam a região da capital chinesa têm origem externa, a maioria do sul da Mongólia, e as autoridades de Pequim têm estado a plantar milhões de árvores ao longo da fronteira para as tentar bloquear, como parte do projeto “Grande Muralha Verde”.
Zhang Mingyng, meteorologista de Pequim que já trabalhou para os serviços meteorológicos oficiais, afirmou ao jornal que as tempestades estão a piorar.
“Estão a ser mais frequentes este ano em comparação com anos anteriores. O grupo de especialistas vai tentar perceber em campo porque é que isto está a suceder, para saber se isto está ligado à região donde provém a poeira ou se há outros fatores a afetar o tempo”, referiu. A equipa junta especialistas da Administração Nacional de Florestas e Predarias da China (NFGA) e da Administração Meteorológica da China e já se encontra nas Prefeituras de Liga Alxa e da Liga Xilingol, na Mongólia Interior, para investigações locais.
A NFGA já disse que as tempestades que atingem com cada vez mais frequência Pequim e outras áreas da China se devem ao clima cada vez mais seco na Mongólia e no nordeste do país, que tende a soltar o solo, o qual se transforma em poeira e em areia, que rapidamente são levantadas e levadas pelos ventos.