Plano de paz de Trump. Europa e Médio Oriente otimistas, palestinianos céticos

Os líderes europeus e do Médio Oriente expressaram otimismo em relação ao plano de 21 pontos de Donald Trump para acabar com a guerra em Gaza. Alguns palestinianos consideram, porém, que a proposta de paz é "irrealista", já que o Hamas "nunca irá aceitar" as condições.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Dawoud Abu Alkas - Reuters

A presidente da Comissão Europeia saudou esta terça-feira o plano do presidente norte-americano para pôr fim à ofensiva de quase dois anos em Gaza.

"Congratulamo-nos com o compromisso do presidente Donald Trump de acabar com a guerra em Gaza. Incentivamos todas as partes a aproveitarem esta oportunidade. A UE está pronta para contribuir", escreveu Ursula von der Leyen na rede social X.

"As hostilidades devem terminar com a prestação de ajuda humanitária imediata à população de Gaza e com a libertação imediata de todos os reféns", acrescentou.

Também o chanceler alemão, Friedrich Merz, viu com satisfação os planos de Trump, considerando que oferecem a melhor hipótese de acabar com a guerra no enclave.

"A Alemanha está pronta para contribuir concretamente para a aplicação do plano", afirmou esta terça-feira um porta-voz do Governo alemão, acrescentando que Merz se reuniu com as famílias dos reféns alemães detidos pelo Hamas.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, apelou ao Hamas para que aceite o plano. “Apelamos a todas as partes para que se unam e trabalhem com a Administração dos EUA para finalizar este acordo e torná-lo realidade".

"O Hamas deve agora concordar com o plano e acabar com a miséria, depondo as armas e libertando todos os restantes reféns”, pediu.

Também o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o Hamas não tem outra escolha senão "seguir este plano".
“Plano não é realista”
A proposta, revelada na segunda-feira por Trump e pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, exige o cessar-fogo imediato, a troca de reféns detidos pelo Hamas por prisioneiros palestinianos detidos por Israel, a retirada israelita de Gaza, o desarmamento do Hamas e um Governo de transição liderado por um organismo internacional.

O plano foi acolhido com entusiasmo pelos líderes da Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Indonésia, Turquia, Paquistão e Egito, que se declararam dispostos a cooperar com os EUA para assegurar a sua aplicação.

A própria Autoridade Palestiniana saudou os esforços do presidente Donald Trump para acabar com a ofensiva em Gaza, reiterando o seu compromisso de trabalhar com os EUA e os parceiros para chegar a um acordo abrangente que inclua "abrir caminho para uma paz justa com base na solução de dois Estados".

Especialistas no conflito e habitantes de Gaza têm, por outro lado, dúvidas quanto à viabilidade do plano, já que a ausência do Hamas das negociações e a exigência de que renuncie à governação do enclave podem comprometê-lo.

“É evidente que este plano não é realista”, considerou um habitante do sul de Gaza em declarações à agência de notícias France-Presse. “O plano foi elaborado com condições que os Estados Unidos e Israel sabem que o Hamas nunca irá aceitar. Para nós, isso significa que a guerra e o sofrimento vão continuar”.

c/ agências
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