A polícia francesa desmantelou violentamente, na noite de segunda-feira, um acampamento improvisado de imigrantes no centro de Paris, entrando em confronto com migrantes e ativistas que se reuniram em protesto. A manifestação aconteceu depois de várias centenas de migrantes terem sido expulsos de um campo de refugiados no norte do país, ficando sem assistência e alojamento.
"Algumas imagens da dispersão do acampamento ilegal de migrantes na Praça da República são chocantes", escreveu Gérald Darmanin no Twitter esta terça-feira.
Certaines images de la dispersion du campement illicite de migrants place de la République sont choquantes. Je viens de demander un rapport circonstancié sur la réalité des faits au Préfet de police d’ici demain midi. Je prendrai des décisions dès sa réception.
— Gérald DARMANIN (@GDarmanin) November 23, 2020
O ministro do Interior abriu uma investigação e garantiu tomar decisões nas próximas 48 horas, numa altura em que polémica lei da Segurança Global, que pretende proteger as autoridades policiais durante manifestações - um diploma que dá mais liberdade autoritária à polícia e que queria proibir os jornalistas de filmar os agentes de segurança - , volta ao Parlamento para ser debatida.
Le rapport du Préfet de police sur l’évacuation du campement illicite place de la République m’a été remis ce matin.
— Gérald DARMANIN (@GDarmanin) November 24, 2020
Celui-ci m’a proposé la saisine de l’IGPN sur plusieurs faits inacceptables. J’ai demandé à l’IGPN de remettre ses conclusions sous 48h et les rendrai publiques.
Por sua vez, as autoridades policiais alegam que só desmantelaram o acampamento porque era ilegal e não havia qualquer autorização oficial para poder estar naquele local.
Agora, vários voluntários tentam encontrar alojamento temporário para todos os requerentes de asilo, refugiados e migrantes que tenham ficado sem um teto depois de serem expulsos do campo de refugiados onde estavam no norte de França.
Segundo a médica, "a polícia tem um único objectivo: arrancar as tendas do chão e fazê-los andar sem rumo, mais uma vez".
A maioria destes migrantes é do Afeganistão, da Somália e da Eritreia. Alguns tiveram o asilo negado, outros estão numa espécie de limbo burocrático enquanto tentam inscrever-se, declarou ainda Torre.
O artigo 24 do projecto de lei de Segurança Global proíbe qualquer cidadão e jornalista de "filmar membros das forças de segurança com a intenção de prejudicar a sua integridade física ou mental".
Num comunicado de imprensa, associações defensoras dos direitos humanos acusam o governo francês de querer "calar a imprensa, travar liberdades como a liberdade de informação, de expressão e a de manifestar".
Organizações internacionais como a Amnistia Internacional, a Liga dos Direitos Humanos e os principais sindicatos de jornalistas francesas juntaram-se em manifestações na semana passada, para protestar contra esta lei de Segurança Global. Estas argumentam que esta lei pode "levar a mais detenções e violência" e que mediante o medo "de ser preso ou perseguido, a autocensura pode tornar-se a regra".
A verdade é que muitos casos não teriam sido julgados da mesma maneira sem o testemunho em vídeo de jornalistas ou cidadãos.