Políticos alemães atingidos por ataque informático em massa

por Joana Raposo Santos - RTP
As informações roubadas foram partilhadas numa conta na rede social Twitter Kai Pfaffenbach - Reuters

Centenas de políticos alemães, entre os quais Angela Merkel, viram os dados pessoais pirateados e publicados online. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha foi o único cujos membros não foram alvo deste ataque em massa.

“As pessoas responsáveis querem enfraquecer a confiança na nossa democracia e instituições”, acredita a ministra alemã da Justiça, Katarina Barley, que considera este um “ataque sério”.

Uma porta-voz do Governo avançou que nenhum dado particularmente sensível do gabinete de Angela Merkel foi publicado, apesar de terem sido divulgados centenas de e-mails e cartas enviados e recebidos pela chanceler alemã.

As informações roubadas foram partilhadas numa conta na rede social Twitter que foi entretanto suspensa e chegou a ser seguida por cerca de 17 mil pessoas.

Os documentos publicados nesta conta, que deverá ter sido gerida a partir da cidade alemã de Hamburgo, datavam de meses anteriores a outubro de 2018 e foram partilhados durante o mês de dezembro, mas foi apenas na quinta-feira que as entidades responsáveis se aperceberam do roubo.
Políticos, jornalistas e rappers
As vítimas do ataque foram vários membros do Parlamento alemão e do Parlamento Europeu, assim como jornalistas e outras figuras públicas ligadas à televisão e à música.

Além de Merkel, foram afetados membros dos principais grupos parlamentares de esquerda e de direita. Robert Habeck, líder do partido alemão Os Verdes, viu serem divulgadas conversas privadas com familiares e até os detalhes do seu cartão de crédito.

O único partido que escapou ao ataque foi o de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla original).

Outros alvos foram jornalistas das estações públicas ARD e ZDF, assim como os comediantes Jan Böhmermann e Christian Ehring. No ano passado, Ehring venceu um caso em tribunal contra Alice Weidel, líder do AfD, que o acusou de a ter chamado “ordinária” no seu programa de televisão.

Também a cantora de rap Marteria e o grupo K.I.Z, do mesmo género musical, viram as suas informações pessoais divulgadas.
Principais suspeitos
O Governo alemão afirmou não ter ainda a certeza de que os dados tenham sido roubados por piratas informáticos, visto que alguns relatórios sugerem que o ataque foi realizado por uma pessoa individual com acesso às informações através do seu local de trabalho, por exemplo.

Outros especialistas em informática acreditam que hackers possam ter explorado os pontos fracos do software das páginas de correio eletrónico para obterem as palavras-passe dos utilizadores.

Sven Herpig, especialista alemão em cibersegurança, apontou a Rússia como principal suspeita. O país já foi, em ocasiões anteriores, acusado de realizar ataques informáticos na Alemanha, e Herpig acredita que o método utilizado desta vez foi semelhante.

Outra suspeita recai sobre os grupos alemães de extrema-direita, por terem sido os únicos a sair ilesos.

O Serviço Federal de Segurança de Informação da Alemanha (BSI) declarou que as redes governamentais não foram afetadas.

Apesar de, até ao momento, não terem sido divulgadas informações de grande relevância, estima-se que as consequências deste ataque possam ser consideráveis, uma vez que o volume de informações pessoais roubadas foi muito elevado.
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