Por "distúrbios". Jornalista chinesa que esteve em Wuhan condenada a prisão

por RTP
Em março, as autoridades chinesas expulsaram jornalistas a trabalhar para órgãos da imprensa norte-americana Aly Song - Reuters

Foi condenada esta segunda-feira a quatro anos de prisão a jornalista independente chinesa Zhang Zhan, que se deslocou em fevereiro a Wuhan, no centro da China, para cobrir o primeiro surto do novo coronavírus. O Tribunal de Xangai condenou-a por “causar distúrbios” e “procurar problemas”, terminologia comum em processos contra repórteres ou ativistas de defesa dos Direitos Humanos.

A notícia é avançada pelo jornal Apple Daily, de Hong Kong. A jornalista agora condenada recusou dar-se como culpada, argumentando que as informações que publicou em plataformas chinesas e internacionais, como o Twitter ou o YouTube, não deveriam ter sido objeto de censura por parte das autoridades chinesas.

Zhang Zhan começou a reportar sobre o primeiro surto de Covid-19 em fevereiro deste ano. Em maio seria dada como desaparecida. Posteriormente soube-se que havia sido detida pela polícia de Xangai.

A jornalista daria início a uma greve de fome em setembro, protesto que a deixou “muito fraca”, nas palavras da defesa. As autoridades tê-la-ão alimentado à força com um tubo, ainda segundo os seus advogados. Zhan pretende agora prosseguir a greve de fome, “mesmo que morra na prisão”.Em março, as autoridades chinesas expulsaram jornalistas a trabalhar para os jornais norte-americanos The Wall Street Journal, The New York Times e The Washington Post.


Em setembro, a estrutura Defensores dos Direitos Humanos na China denunciara que a Zhang Zhan havia sido detida por noticiar que os cidadãos de Wuhan teriam recebido alimentos estragados no decurso de 11 semanas de confinamento e obrigados a pagar pelos testes de despistagem do SARS-CoV-2.

Por sua vez, a Amnistia Internacional assinalou os trabalhos de Zhan sobre as detenções de outros jornalistas e casos de alegado assédio a familiares de vítimas do novo coronavírus.
Cláudia Aguiar Rodrigues - Antena 1

Em fevereiro desapareceu também Chen Qiushi, jornalista independente que emitiu vídeos ao vivo de Wuhan e reportagens nas redes sociais. Li Zehua e Fang Bin, repórteres, foram igualmente detidos após cobrirem o surto em Wuhan.

De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, a China é o país que mais detém jornalistas à escala mundial.
Os últimos números da China
Segundo os mais recentes dados da Comissão de Saúde da China, foram oficialmente identificados no país 21 casos de Covid-19 em 24 horas, dos quais seis por contágio local na província de Liaoning. Os demais são oriundos do exterior.

Em Pequim, onde nos últimos dois dias foram diagnosticados sete casos, não foram identificadas novas infeções.

Os 15 casos importados foram diagnosticados em Xangai (leste), Pequim (norte), Tianjin (norte), Mongólia Interior (norte), Zhejiang (leste), Guangdong (sudeste), Sichuan (sudoeste).

Nas últimas 24 horas 16 pessoas tiveram alta. O número de infeções ativas é agora de 339, incluindo cinco doentes em estado grave.

A Comissão de Saúde não reportou novos casos mortais de Covid-19, pelo que o número permanece em 4634, o mesmo desde maio passado. Desde o início da pandemia, a China somou 86.976 infetados.

c/ agências
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