Portugal diz que retirada do Afeganistão conclui prolongado contributo na luta contra o terrorismo

por RTP
Foto: Reuters

Num comunicado conjunto, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional recordam a decisão tomada ontem com os homólogos da NATO para a retirada das forças da Missão Resolute Support no Afeganistão a partir de 1 de maio, para dizer que "com esta retirada, conclui-se um importante e prolongado contributo português na luta contra o terrorismo".

Portugal participava desde 2002 no esforço da Aliança no Afeganistão. Para o território foram enviados mais de 4500 militares portugueses.

“Portugal ajustará, de forma coordenada com os aliados, o dimensionamento da sua participação tendo decidido manter a presença da Força de Reação Rápida nacional na proteção do Aeroporto Internacional em Cabul até final de maio”, revela o comunicado.

Portugal irá, igualmente, “continuar a contribuir com elementos de estado-maior nas estruturas de comando da missão até final da Missão Resolute Support, continuando igualmente a contribuir anualmente para o fundo de apoio ao Exercito Nacional Afegão até 2024”.

O Governo português considera que o Afeganistão registou progressos na estabilidade e segurança e no desenvolvimento social, “incluindo em particular os direitos de mulheres e o acesso à educação para as raparigas”.

“Portugal mantém o seu compromisso com os esforços da comunidade internacional no combate ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, de que são exemplos os contributos nacionais do Médio Oriente ao Sahel, do Corno de África a Moçambique”, reitera o executivo.
NATO sai ao lado de tropas dos EUA
Os ministros da NATO decidiram esta quarta-feira retirar do Afeganistão até 11 de setembro, em consonância com a decisão anunciada pelo Presidente Joe Biden quanto ao contingente norte-americano.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, reconheceu em conferência de imprensa em Bruxelas que a decisão adotada após uma videoconferência entre os ministros dos países NATO foi dura.

"Esta não é uma decisão fácil e comporta riscos", sublinhou. "Como disse muitos meses, estamos perante um dilema. Porque a alternativa a uma retirada ordeira é preparamo-nos para um compromisso de longo-prazo e aberto, com potencialmente mais tropas NATO", acrescentou Stoltenberg, ladeado do secretário de Estado e do secretário de Defesa dos Estados Unidos.

As tropas sob comando NATO atualmente no Afeganistão irão deixar o país em coordenação com a retirada das 2.500 tropas norte-americanas até dia 11 de setembro, quando se completam os 20 anos dos atentados da al Qaida em solo norte-americano que deram origem a 20 anos de guerra.

Quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em Washington que "é tempo para por fim à guerra eterna". após referir que ao longo dos anos, os objetivos da presença das tropas ocidentais deixaram de ser claros.

"Nunca se pretendeu que fosse um esforço multi-geracional. Fomos atacados. Entramos em guerra com objetivos claros. E conseguimos esses obejtivos", declarou Biden, lembrando que o líder da al Qaida, Osama bin Laden, foi morto numa operação de forças norte-americanas em 2011 e referindo que a organização se tem "degradado" no Afeganistão.

A missão NATO atual em solo afegão denomina-se Apoio Resoluto, e visa treinar e equipar as forças de segurança afegãs que combatem a revolta dos Taliban, afastados do poder desde a invasão norte-americana em 2001.
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