Presidente brasileiro admite que pretende "beneficiar filho" em resposta a críticas

por Lusa
"Pretendo encaminhá-lo, sim. Quem diz que não vai votar mais em mim, paciência. (...) Em algumas coisas, vou desagradar-vos", disse Bolsonaro. Reuters

O Presidente brasileiro admitiu, na quinta-feira, que "pretende beneficiar" o terceiro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, indicado para embaixador nos Estados Unidos, mas garantiu tratar-se apenas de uma estratégia de política externa.

"Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo, está certo. Se puder dar um `filé mignon` ao meu filho, eu dou. Mas não tem nada a ver com `filé mignon` essa história aí. É aprofundar um relacionamento com um país que é a maior potência económica e militar do mundo", reconheceu Jair Bolsonaro, numa transmissão em direto na rede social Facebook.

O chefe de Estado brasileiro rebateu as críticas de que tem sido alvo por nomear o filho para o cargo de embaixador, acrescentando que podia nomear Eduardo Bolsonaro como ministro das Relações Exteriores e enviar o atual detentor da pasta, Ernesto Araújo, para a embaixada em Washington.

"Se eu quiser, mas jamais farei isso, chamo o Ernesto Araújo, e digo para ele ir para Washington, para eu colocar o Eduardo no Ministério da Relações Exteriores", afirmou.

Bolsonaro reforçou ainda que a indicação do filho "não é nepotismo" e deixou uma mensagem para os eleitores que se incomodaram com a iniciativa.

"Pretendo encaminhá-lo, sim. Quem diz que não vai votar mais em mim, paciência. (...) Em algumas coisas, vou desagradar-vos", alertou.

Na quinta-feira, durante uma cerimónia alusiva aos 200 dias do seu Governo, em Brasília, Bolsonaro afirmou que o trabalho de um embaixador é ser um "cartão de visitas", defendendo a nomeação do terceiro filho, Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil em Washington.

"O trabalho de quem é embaixador, um dos mais importantes, é ser cartão de visitas. (...) Imaginem se o Macri [Mauricio Macri, Presidente da Argentina] tivesse um filho embaixador aqui. Ele telefonava para mim. Eu atenderia agora ou pediria ao ajudante de ordem para marcar uma data futura? Atenderia agora", argumentou.

A possibilidade de Eduardo Bolsonaro ser indicado como novo embaixador nos Estados Unidos, país com o qual o Brasil fortaleceu os laços quando Jair Bolsonaro tomou posse como Presidente, tornou-se pública na semana passada e tem gerado grande polémica.

Opositores acusaram o chefe de Estado brasileiro de usar o cargo para favorecer o filho de forma ilegal.

A representação do Brasil em Washington não tem embaixador desde abril passado, quando o diplomata Sergio Amaral, no cargo desde 2016, foi transferido para um escritório em São Paulo.

Na ocasião, Bolsonaro disse que havia solicitado a mudança de embaixadores em 15 países devido à má imagem do Brasil no exterior e por alguns dos atuais diplomatas brasileiros não defenderem o atual Presidente quando é apresentado fora do Brasil como um ditador, racista e homofóbico.

 

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