Presidente da Bielorrússia garante que agiu de forma legal no caso do avião desviado

por RTP
Maxim Guchek/Belta via Reuters

O presidente da Bielorrússia fala de uma ameaça de bomba. Alexander Lukashenko rejeita a acusação de sequestro do voo para prender o jornalista e acusa a oposição de querer levar o país para a guerra. Fala de uma guerra híbrida moderna e de serem um campo de testes para o ataque mais a Leste, à Rússia. O presidente garante que não sabia da presença de Roman Protasevich no avião.

Lukashenko adianta que a ameaça de bomba surgiu da Suíça e garante ter agido dentro das normas internacionais e para a proteção de pessoas. O presidente argumenta que os países ocidentais não quiseram participar na investigação ao incidente do avião.

"Atuei conforme a lei para defender as pessoas, de acordo com as normas internacionais", disse Lukashenko numa intervenção no Parlamento de Minsk e perante altos responsáveis do regime. São as primeiras declarações desde o incidente com o avião.

Alexander Lukashenko disse que os "ataques ultrapassam as linhas vermelhas", numa referência às reações internacionais ao desvio do avião para deter um jornalista opositor.

"Os nossos adversários do estrangeiro e do interior do país mudaram os métodos para atacarem o nosso Estado. Ultrapassaram uma infinidade de linhas vermelhas. Abandonaram o senso comum e os valores morais", disse, reiterando que as acusações são “mentira”.

Fala de uma “guerra híbrida moderna”. “Temos de fazer tudo para que não de torne numa guerra real”, acrescenta.
O Kremlin já veio dizer que não tem razão para não confiar na explicação dada pelo presidente bielorrusso.
“Passaram da organização de motins para o estrangulamento”, argumentou Lukashenko, acrescentando depois que os protestos nas ruas deixaram de ser possíveis na Bielorrússia, até porque acredita que não haverá protestos em massa agora que a oposição anunciou uma “nova fase”. A líder da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, disse que a oposição está a preparar uma nova vaga de protestos ativos contra o regime, similares aos do verão passado.

Um voo da companhia de baixo custo irlandesa Ryanair entre Atenas, na Grécia, e Vílnius, na Lituânia, foi forçado no domingo a fazer um desvio para Minsk, na Bielorrússia. O argumento foi o da existência de uma ameaça de bomba e um avião MiG-29 fez a escolta do avião. Quando aterraram foi detido o jornalista e ativista bielorrusso Roman Protasevich e da companheira. Ambos estavam acusados de crimes.

O presidente garante que não sabia da presença de Roman Protasevich no avião. Mas garante que, mesmo que soubesse, tomaria a mesma decisão, dada a ameaça.

No Parlamento, Lukashenko disse hoje que Protasevich estava a preparar uma rebelião sangrenta. Afirmou ainda que uma central nuclear tinha sido posta em alerta depois da ameaça de bomba ao avião.

Roman Protasevich, um blogger exiliado, foi colocado numa lista como “terrorista” pelas autoridades bielorrussas em novembro.

Na segunda-feira, a União Europeia, reunida em cimeira extraordinária, aprovou uma série de medidas contra o regime bielorrusso e exigiu a libertação de Roman Protasevich.

Os líderes europeus pediram às companhias europeias para evitarem o espaço aéreo bielorrusso, banindo também as transportadoras da Bielorrússia na Europa.

A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 9 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente, Alexander Lukashenko - no poder há mais de duas décadas - para um sexto mandato, com 80% dos votos.

A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.

Desde então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.


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