Príncipe Andrew pressionado a falar sobre crimes sexuais de Jeffrey Epstein

por Joana Raposo Santos - RTP
A equipa de trabalho do príncipe garantiu que os advogados do mesmo já comunicaram duas vezes com o Departamento de Justiça dos EUA. Foto: Chris Radburn - Reuters

O príncipe Andrew de Inglaterra está a ser pressionado para falar com investigadores sobre os alegados crimes sexuais cometidos pelo milionário Jeffrey Epstein, depois de uma amiga de ambos, Ghislaine Maxwell, ter sido detida na quinta-feira por suspeitas de tráfico sexual e perjúrio.

“Convidamos o príncipe Andrew a vir falar connosco. Gostaríamos de ter o benefício das suas declarações”, afirmou em conferência de imprensa Audrey Strauss, procurador federal e advogado para o distrito sul de Nova Iorque, após dar a conhecer os detalhes da detenção de Maxwell.

“Não tenho mais comentários a fazer para além deste, que é que as nossas portas continuam abertas, como já tínhamos dito, e que o convidamos a vir ter connosco e a dar-nos uma oportunidade de ouvir o seu testemunho”, acrescentou.

Fonte próxima da equipa de trabalho do príncipe já garantiu, porém, que os advogados do mesmo recentemente comunicaram duas vezes com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. “A equipa do duque de Iorque está perplexa, pois já comunicámos duas vezes com o Departamento de Justiça no mês passado e, até à data, não obtivemos resposta”, afirmou ao Guardian.

O apelo das autoridades para que Andrew fale chegam depois de Ghislaine Maxwell, uma socialite britânica e amiga próxima de Jeffrey Epstein, ter sido detida numa luxuosa propriedade em New Hampshire na quinta-feira.

Jeffrey Epstein foi um milionário acusado de montar uma rede de crimes sexuais contra menores, que alegadamente atraía para sua casa com a ajuda de outros intervenientes, para depois as convencer a praticar atos sexuais com ele e com outros homens, pagando às adolescentes pelos atos. Sempre negou todas as acusações.

Ghislaine Maxwell está agora acusada de tráfico sexual e perjúrio, por suspeitas de ter ajudado Epstein, que aparentemente cometeu suicídio na prisão em agosto do ano passado, a recrutar menores para a alegada rede.
Andrew acusado de práticas sexuais com menor
O príncipe Andrew, que era amigo de Epstein e chegou a habitar a sua casa em Nova Ioque por um curto período em 2010, depois de o milionário ter já sido acusado uma primeira vez de abuso sexual de menores e tráfico de mulheres para prostituição, era também amigo de Ghislaine Maxwell.

Terá sido Maxwell a apresentar Epstein ao duque de Iorque. A relação próxima do príncipe com ambos tem despertado o interesse das autoridades, especialmente depois de a agora adulta Virginia Giuffre ter revelado que foi forçada a ter relações sexuais com Andrew quando tinha apenas 17 anos. Os atos terão ocorrido em casa de Maxwell, em Londres. O episódio já foi negado pelo príncipe.

Na quinta-feira, dia da detenção de Maxwell, os investigadores acusaram-na de se ter escondido das autoridades, uma vez que a sua localização era desconhecida desde que Epstein foi preso, em julho do ano passado. Asseguram ainda que a socialite mentiu repetidamente sobre o seu envolvimento direto no abuso de raparigas menores.

“Maxwell desempenhou um papel crítico ao ajudar Epstein a identificar, tornar-se amigo e atrair vítimas menores para abuso sexual”, declarou o procurador federal Strauss na conferência de imprensa que se seguiu à detenção. “Em alguns casos, Maxwell participou nos abusos”.

A socialite britânica é acusada por várias mulheres de ter ganho a sua confiança para depois as recrutar, levando-as até à casa de Jeffrey Epstein e dando-lhes instruções para fazerem massagens ao milionário, durante as quais eram pressionadas a ter relações sexuais com o mesmo.

Nas 17 páginas da acusação contra Maxell, a que o Guardian teve acesso, estão detalhadas as acusações de conspiração para atrair menores a participar em atos sexuais ilegais; sedução de uma menor para viajar com o intuito de cometer atos sexuais ilegais; conspiração para transportar menores com o intuito de as envolver em atividade sexual criminosa, e perjúrio.

Maxwell tentava normalizar, junto das menores, o abuso sexual a que estas eram submetidas, discutindo com elas temas sexuais, despindo-se em frente às vítimas, estando presente quando elas se despiam e presenciando também atos sexuais entre as menores e Epstein”, refere a acusação.

Segundo as autoridades, Maxwell mantinha uma relação “pessoal e profissional” com Epstein, tendo estado numa “relação íntima” com ele entre 1994 e 1997. O milionário pagava à socialite para “gerir as suas várias propriedades”, revela a acusação.
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