"Prolongada e produtiva". Trump manteve conversa com Putin e informou Zelensky

por RTP
Foto: Jim Watson - AFP

O presidente americano, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira ter tido uma conversa prolongada e muito produtiva com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, a propósito das possibilidades de paz para a Ucrânia. Seguiu-se um contacto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Num longo texto publicado na sua rede Truth Social, o presidente norte-americano referiu que deu início com Vladimir Putin ao início das negociações para por fim à guerra na Ucrânia. A conversa entre ambos durou 90 minutos, confirmou depois o Kremlin acrescentando que os dois líderes acordaram visitas aos respetivos países.

"Queremos impedir os milhões de mortes que ocorrem na guerra com a Rússia/Ucrânia. O Presidente Putin até usou o meu forte lema de campanha, SENSO COMUM. Acreditamos ambos nisso com firmeza. Concordámos em trabalhar juntos, muito estreitamente, incluindo visitar as nações uns dos outros", escreveu Trump.

O presidente disse que ia ligar de imediato ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Também concordamos que as nossas respetivas equipas iniciem negociações imediatamente e começaremos por telefonar ao presidente Zelensky, da Ucrânia, para informá-lo da conversa, algo que farei agora mesmo", observou Trump.
Conversa com Zelensky
O telefonema entre ambos foi confirmado por Kiev, uma hora depois.

Volodymyr Zelensky revelou entratento que ambos conversaram sobre oportunidades de alcançar a paz e debateram a respetiva prontidão para trabalharem juntos a nível de equipa. "Ninguém quer a paz mais do que Ucrânia", sublinhou o presidente ucraniano, numa publicação na rede X

Não foram desde logo revelados pormenores sobre aquilo em que consistirá um roteiro de paz para a Ucrânia, mas esta quarta-feira, quase em simultâneo com o anúncio de Trump sobre a conversa com Putin, Volodymyr Zelensky, disse que espera finalizar acordos económicos com os EUA já este fim de semana, na Conferência de Segurança de Munique, informou a AFP.

Zelensky fez estes comentários durante uma conferência de imprensa com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em Kiev, referindo que os acordos garantiriam o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia.


“Disse ao secretário que, pela minha parte, tudo farei para garantir que a nossa equipa de governantes trabalhe nos próximos dois dias para que tenhamos a oportunidade de finalizar alguns acordos em Munique”, acrescentou Zelensky.
"Cara a cara"
A conversa com Trump foi o primeiro contacto direto de Vladimir Putin com um presidente norte-americano desde fevereiro de 2022.

De acordo com a agência de notícias russa TASS, os dois debateram o Médio Oriente, as relações bilaterais, a Ucrânia e uma troca de prisioneiros entre Washington e Moscovo.

“O presidente russo convidou o presidente dos EUA para visitar Moscovo e expressou a sua disponibilidade para receber autoridades americanas na Rússia nas áreas de interesse mútuo, incluindo, claro, o tema do acordo ucraniano”, disse por seu lado à Reuters o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

"Putin e Trump também concordaram em continuar os contactos pessoais, incluindo a organização de uma reunião cara a cara."

O presidente russo disse a Trump que está disponível para uma "solução de longo prazo" através de "negociações de paz", referiu, sublinhando que os dois presidentes estão de acordo para "trabalharem juntos".

"O Presidente Putin mencionou a necessidade de atacar as causas profundas do conflito e concordou com Trump que uma solução a longo prazo poderá ser encontrada através de conversações de paz", declarou Peskov à comunicação social.

Segundo o porta-voz, os dois chefes de Estado concordaram, durante a reunião de uma hora e meia, que "chegou o momento de todos os países trabalharem em conjunto".


O chefe de Estado norte-americano sempre defendeu que a invasão russa da Ucrânia não se teria iniciado se ele estivesse na Casa Branca e, inclusive, antes de regressar à Presidência dos Estados Unidos tinha assegurado ser capaz de pôr fim ao conflito com apenas uma chamada a Putin e a Zelensky.

Na sua publicação desta quarta-feira, Trump lembrou a promessa.

“Milhões de pessoas morreram numa guerra que não teria acontecido se eu fosse presidente, mas aconteceu, por isso tem de acabar. Não devem ser perdidas mais vidas!', escreveu.
Troca de prisioneiros
Sobre o telefonema com Putin, o primeiro com o presidente russo desde o seu regresso ao poder em 20 de janeiro, Trump referiu que “conversamos sobre os pontos fortes das nossas respetivas nações e sobre os grandes benefícios que um dia advirão do trabalho conjunto”.

“Quero agradecer ao Presidente Putin pelo tempo e esforço dedicados a este telefonema, e pela libertação ontem de Marc Fogel
”, declarou também o presidente norte-americano, um americano que estava detido na Rússia.

Fogel, um professor de História oriundo da Pensilvânia, foi detido na Rússia mais de três anos por posse de alguns gramas de cannabis. Foi libertado terça-feira no âmbito de um acordo de troca de prisioneiros.

Trump deu as boas-vindas a Fogel na Casa Branca na noite de terça-feira, após seu regresso a solo americano.

A contrapartida por Fogel é Alexander Vinnik, um criminoso russo condenado, depois de ter sido preso em 2017 na Grécia a pedido dos EUA por acusações de fraude com criptomoedas. Mais tarde foi extraditado para os Estados Unidos, onde se confessou culpado no ano passado de conspiração para cometer lavagem de dinheiro. 

Vinnik, um especialista em informática, está atualmente sob custódia na Califórnia, onde aguarda transporte para retornar à Rússia, referiram autoridades à Associated Press, sob anonimato.
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