Protestos de extrema-direita e de antifascistas varrem Itália

por RTP
Um manifestante antifascista durante o protesto desta tarde em Milão, Itália. Massimo Pinca - Reuters

A pouco mais de uma semana para as eleições legislativas de 4 de março, várias cidades italianas foram palco de manifestações de diferentes partidos da extrema-direita, mas também de marchas contra o fascismo e a xenofobia. Em Milão houve mesmo registo de confrontos.

Roma e Milão foram este sábado o epicentro de várias manifestações e contra-manifestações de partidos de extrema-direita, mas também por protestos da esquerda e de grupos antifascistas, isto quando faltam apenas oito dias para as eleições legislativas mais tensas das últimas décadas.

Em Milão, destaque para a manifestação convocada por Matteo Salvini, líder da Liga Norte, um partido conotado com a extrema-direita e que concorre em coligação com Silvio Berlusconi a estas eleições. A aliança encabeçada pelo líder da Liga tem liderado as mais recentes sondagens.

No comício da Liga Norte, que decorreu na Praça do Duomo, sem incidentes, estiveram entre 15 mil a 20 mil pessoas, segundo a polícia italiana. O partido fala em pelo menos 50 mil manifestantes, onde a palavra de ordem foi “Prima gli italiani', ou "primeiro os italianos".

Não muito longe dali, também no centro de Milão, os ânimos aqueceram quando um grupo - cerca de uma centena de manifestantes antifascistas - tentou romper um cordão policial, a que se seguiram momentos de confronto entre os manifestantes. 

Raquel Morão Lopes - Enviada especial da Antena 1 a Itália

O cordão policial em causa protegia o comício do Casapound, outro partido conotado com a extrema-direita, que também estava reunido em Milão.

“Salvini representa uma mudança para Itália, este é um momento muito importante. Nós, italianos, não temos direitos, não temos trabalho. Não podemos acolher todos os que chegam do estrangeiro e depois cometem crimes. Já não somos livres”, sublinha Diego Bazzano, um apoiante da Liga, citado pela agência France-Presse.  

No início de fevereiro, um tiroteio na cidade de Macerata protagonizado por um ativista da Liga Norte visou a comunidade africana daquela pequena cidade, causando pelo menos seis feridos. Um ato de retaliação depois de um crime de contornos sórdidos, ocorrido também em Macerata apenas alguns dias antes, que fora atribuído a um imigrante nigeriano. 

O acontecimento tem agitado as últimas semanas de campanha dos vários partidos. Nos últimos dez dias vários confrontos violentos entre extrema-direita e extrema-esquerda foram registados em cidades como Turim, Bolonha, Pisa ou Palermo.
Marcha em Roma contra o fascismo
Também este sábado, mas em Roma, milhares de pessoas manifestaram-se de forma pacífica contra o fascismo e a xenofobia. “Fascismo e racismo nunca mais”, lia-se em várias faixas que desfilaram no coração da capital italiana.

Helena Sousa e Silva, Paulo Meira - RTP

O protesto foi organizado pela Associazione Nazionale Partigiani d'Italia (ANPI), fundada pela resistência italiana no final da II Guerra Mundial e contou com a participação de dezenas de organizações.

Presentes estiveram igualmente vários membros do atual Governo, incluindo o próprio primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, mas também de Matteo Renzi, ex-chefe de Governo e atual secretário-geral do Partido Democrático. Na marcha participaram também várias figuras de partidos de esquerda que são rivais nas próximas eleições.

“Os partidos nacionalistas estão a reanimar os valores do fascismo, o medo do que é diferente está a voltar. Nós, jovens, não podemos ceder perante este medo, ou estaremos a andar para trás 100 anos”, afirmou Marta Zambon, uma jovem citada pelas agências internacionais que participou na demonstração pacífica. 

(com agências internacionais)
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