Puigdemont ameaça avançar com declaração formal de independência

por RTP
Gonzalo Fuentes - Reuters

Numa carta enviada a Madrid, o líder do governo regional da Catalunha ameaça avançar com a votação de uma declaração formal de independência no Parlamento, caso continue a haver uma recusa de diálogo por parte do governo central. A missiva não esclarece se Carles Puigdemont já declarou a independência na sequência do referendo, resposta que tinha sido exigida pelo executivo de Mariano Rajoy até esta quinta-feira.

No limite do prazo concedido por Mariano Rajoy, o líder do governo regional da Catalunha responde com um novo apelo ao diálogo, mas também com uma ameaça. Se o Governo de Madrid decidir a aplicação do artigo 155 da Constituição e continuar a recusar a negociar com Carles Puigdemont, a Catalunha irá votar a declaração formal de independência no Parlament.

"Se o Governo do Estado insiste em impedir o diálogo e continuar a repressão, o Parlamento da Catalunha poderá proceder, se o considerar oportuno, a uma votação da declaração formal da independência que não votou no dia 10 de outubro", refere Carles Puigdemont na carta enviada ao presidente do Governo espanhol.

Numa carta de uma página, Carles Puigdemont relembra o referendo de 1 de outubro, um escrutínio que Madrid considera inconstitucional, mas em que o líder regional reconhece toda a legitimidade. Refere mesmo que "uma elevada percentagem de eleitores", superior "à que permitiu ao Reino Unido iniciar o processo do Brexit", mas também com um número de catalães superior aos que votaram o Estatuto de Autonomia da Catalunha.

Puigdemont relembra que no início da semana pediu uma reunião a Mariano Rajoy, pedido que não foi atendido pelo Governo central. O líder catalão reclama ainda que tão pouco foi revertida a repressão. Pelo contrário, diz Puigdemont, reclamando que a detenção de dois líderes independentistas veio incrementar a repressão por parte de Madrid.

Perante a possibilidade do Governo espanhol avançar com o artigo 155 da Constituição, que prevê a suspensão da autonomia catalã, Puigdemont diz que “apesar de todos os nossos esforços e vontade de diálogo, se a única resposta for a suspensão da autonomia, isso mostra que não se está consciente do problema e que não se quer dialogar”.

Poucos minutos depois de esta carta ser tornada pública, o Governo espanhol anunciou a marcação de um conselho de ministros especial este sábado, garantindo que irá avançar para a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola, que prevê a suspensão da autonomia catalã.

O líder do Ciudadanos, Albert Rivera, reagiu entretanto à carta do presidente do Governo da Catalunha, dizendo que “uma democracia não pode aceitar chantagens”, acusando Puigdemont de não ter feito qualquer cedência nas últimas semanas, estando fora da lei. Rivera afirmou ainda que o Governo deverá garantir um “horizonte eleitoral”.
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