Pyongyang olha para Trump e vê "um cão que ladra mas não morde"

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Ri Yong-ho fala esta quinta-feira nas Nações Unidas Carlo Allegri, Reuters

O presidente norte-americano Donald Trump deixou no púlpito das Nações Unidas um discurso como nunca a assembleia tinha ouvido: se necessário, os Estados Unidos iriam terraplanar a Coreia do Norte, arrasar o país, produzir um novo “ground zero” 70 anos depois. O chefe da diplomacia norte-coreana respondeu agora à ameaça, considerando as palavras de Trump como “o som de um cão a ladrar”, numa clara referência à imagem do "cão que ladra mas não morde".

O comentário do ministro dos Negócios Estrangeiros Ri Yong segue na linha de um argumento de Estado em que a atitude beligerante norte-coreana avança em crescendo, sem qualquer sinal de alteração.

O discurso de Donald Trump às Nações Unidas “foi como o som de um cão que ladra”, declarou Ri Yong, no comentário deixado esta quinta-feira aos repórteres em Nova Iorque, cidade que acolhe a sede na ONU.

Jorge Silva, Reuters

“Há um ditado que diz assim: Os cães ladram e a caravana passa (…) Se (Trump) estava à espera de nos assustar com estes sons de ladrar de cão, então ele está claramente a sonhar”, acrescentou o ministro norte-coreano. No que na tradução para Português poderia ser acrescentado por “cão que ladra não morde”.
Kim Jong-un ou "o homem-foguete"
Trump diz que no caso de Pyongyang ameaçar os Estados Unidos ou os seus aliados, “então não teremos outra opção que não destruir totalmente a Coreia do Norte”.

“O homem-foguete está empenhado numa missão suicidada para si e para o seu regime”.
Nesse discurso que levou à sede das Nações Unidas, Donald Trump referiu-se ao líder norte-coreano Kim Jong-un como “homem-foguete” (“rocket man”, em inglês).

Questionado sobre esse facto, Ri Yong brincou: “Sinto pena dos seus assessores”.

As relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte nunca estiveram tão quentes, com os aliados de ambas as partes a manifestar incapacidade, de momento, para acalmar quer Donald Trump, quer Kim Jong-un, dois líderes mundiais ainda verdes no lugar mas com um arsenal nuclear nas mãos.

Pequim já fez saber a Pyongyang que não protegerá a península no caso de o regime decidir atacar os Estados Unidos em primeiro lugar. O contrário, de acordo com os recados chineses que funcionam para ambos os lados, também já está estabelecido: se os Estados Unidos atacarem preventivamente a Coreia do Norte, então os norte-americanos terão de se haver com a China.

O MNE norte-coreano sobe esta quinta-feira ao palanque para se dirigir aos membros das Nações Unidas reunidos em Assembleia Geral na sede de Nova Iorque.
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