Quatro polícias acusados na morte de Breonna Taylor

por RTP
As acusações contra os réus Joshua Jaynes, Kyle Meany, Brett Hankison e Kelly Goodlett incluem violações de direitos civis, conspiração, uso de força excessiva e obstrução.

Dois anos após a morte da técnica de emergência médica Breonna Taylor, quatro atuais e antigos membros das forças policiais de Louisville, Kentucky, foram acusados de crimes federais de direitos civis. Aos 26 anos, Breonna Taylor foi morta durante um raide noturno, que envolveu invasão de sua casa pela polícia, enquanto dormia ao lado do namorado.

Dado que não houve aviso da polícia e acreditando tratar-se de intrusos, o namorado disparou com a arma que lhe pertencia, devidamente legalizada. Em resposta, a polícia disparou 22 tiros, um dos quais atingindo Breonna Taylor no peito.

De acordo com o site The Hufftington Post, os quatro acusados foram detidos pelo FBI. 

O ex-detetive do Departamento de Polícia Metropolitana de Louisville, Joshua Jaynes, e o atual sargento Kyle Meany foram acusados de violações de direitos civis e obstrução da justiça por usar informações falsas para obter o mandado de busca que autorizou a operação fracassada de 13 de março de 2020.

A atual detetive Kelly Goodlett foi acusada de conspirar com Jaynes para falsificar o mandado e depois encobrir a falsificação. Uma terceira acusação sustenta que Joshua Jaynes conscientemente falsificou uma carta que "ele sabia que seria usada na investigação criminal na preparação do mandado", sugerindo falsamente a conexão de Taylor com alegado tráfico de drogas.

Não foram encontradas drogas no apartamento, apesar de a busca ter sido interrompida após o tiroteio, escreve a BBC

A declaração de mandado “continha declarações falsas e enganosas, omitiu informações materiais, baseou-se em informações obsoletas e não foi apoiada por causa provável", refere a acusação. Com este ato, o ex-detetive Joshua Jaynes violou deliberadamente o direito da Quarta Emenda de Taylor de estar livre de buscas e apreensões irracionais, acrescenta a acusação.

Numa acusação separada, um quarto oficial, o ex-detetive Brett Hankison, foi acusado de violações de direitos civis por alegado uso de força excessiva, ao disparar 10 tiros adicionais no apartamento de Breonna Taylor, disse o procurador-geral dos EUA. Brett Hankison, um dos três policias que entraram na casa da mulher, foi demitido em junho de 2020 devido a este caso. No início deste ano, um júri considerou Hankison inocente das acusações estaduais de ameaça arbitrária.

"Alegamos que os réus sabiam que as suas ações na falsificação do depoimento poderiam criar uma situação perigosa, e alegamos que esses atos ilegais resultaram na morte da Sra. Taylor", declarou Merrick Garland, em conferência de imprensa.

Contudo, os polícias que cumpriram o mandado de busca "não estavam envolvidos na redação do mandado e desconheciam as declarações falsas e enganosas que ele continha", observou o procurador-geral.

Hankison, um dos três policiais do LMPD que entraram na casa de Taylor, foi demitido em junho de 2020 pelas suas ações. No início deste ano, um júri considerou Hankison inocente das acusações estaduais de ameaça arbitrária.

"Hoje foi um grande passo rumo à justiça", comentaram os advogados da família Taylor em comunicado após a notícia.

A polícia de Louisville iniciou o processo de demissão de Meany e Goodlett. Hankison e Jaynes já tinham sido anteriormente demitidos pelo departamento.

O Departamento de Justiça também está a investigar se o governo metropolitano de Louisville e a polícia de Louisville se envolveram num padrão ou prática de abuso dos direitos civis dos moradores.
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