Os chefes da diplomacia europeia encontram-se esta segunda-feira em Bruxelas com a Ucrânia na agenda, depois de também o Presidente russo, Vladimir Putin, ter aceitado a proposta da chanceler Angela Merkel para um diálogo sobre a situação na antiga república soviética, em particular na região autónoma da Crimeia. Mas há entretanto outros sinais a chegar de Moscovo, desta vez via Gazprom, o produtor energético russo que fornece energia aos ucranianos.
Esta segunda-feira, a empresa estatal russa, maior exportadora de gás natural do mundo, ameaçou as autoridades ucranianas com o aumento do preço de gás.
“A situação com os pagamentos é preocupante. A Ucrânia está a pagar, mas não tão bem como gostaríamos. Estamos a ponderar se prolongamos os contratados para o próximo quarto (de ano) com base nos preços atuais”, lançou Andrei Kruglov, chefe do departamento económico e financeiro da Gazprom.
No arranque da sessão da Bolsa de Moscovo, a Gazprom chegou a apresentar perdas de 10% do valor dos seus títulos.
Minoria russa preocupa o Kremlin
Entretanto, Sergei Lavrov, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, deslocou-se a Genebra para defender a posição russa perante o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Duas declarações no mesmo sentido: Moscovo tudo fará para defender as comunidades minoritárias na Ucrânia; e a ideia de que acima de tudo estão os interesses do povo.
"Os radicais continuam a controlar as cidades. Ao contrário do que foi prometido, criaram um governo de vencedores e uma decisão foi tomada na Rada [parlamento ucraniano] para cortar os direitos das minorias linguísticas", declarou Sergei Lavrov, para denunciar a intenção "de punir a língua russa".
O chefe da diplomacia russa defendeu assim a colocação no terreno de "unidades de autodefesa para proteger a população". Numa outra declaração registada pela Reuters, Lavrov acrescenta que "devem ser postos de lado todos os calculismos políticos e colocados acima de tudo os interesses do povo ucraniano".
Reunião em Bruxelas com Ucrânia da agenda
John Kerry, o secretário da defesa americano, ameaça a Rússia com exclusão do G8 se não ceder na região autónoma da Crimeia.Os chefes das diplomacias europeias têm agendada esta segunda-feira uma reunião em Bruxelas para discutir a situação na Ucrânia, em particular o que se passa na península da Crimeia, onde se confrontam facções pró-Kiev e pró-Moscovo. Trata-se da segunda reunião de emergência em 10 dias.
Kiev já veio manifestar a sua preocupação com as manifestações de força de Moscovo na Crimeia, temendo vir a perder esta parte do seu território. Considerando uma declaração de guerra o avanço das tropas russas, Kiev colocou as suas forças armadas em alerta máximo e chamou os militares na reserva.
Putin aceita encontro com Merkel
Este domingo, num aparente aligeirar da tensão, o Presidente russo, Vladimir Putin, aceitou o convite da chanceler alemã para iniciar um diálogo político sobre a Ucrânia. Berlim fez saber que estas movimentações acontecerão sob a égide da OSCE (Organização de Segurança e Cooperação Europeia).
De acordo com os acordos de 1994, Moscovo está obrigado a respeitar a independência e a soberania da Ucrânia. São estes os princípios que servem agora para acusar o Kremlin de – com as movimentações militares levadas a cabo na Crimeia – estar a violar o Direito Internacional.