Schulz renuncia ao lugar de ministro na coligação com Merkel

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
A decisão de Martin Schulz, anunciada ao início da tarde, é uma tentativa de o ainda líder do SPD acalmar o partido Hannibal Hanschke, Reuters

O ainda líder dos social-democratas alemães confirmou esta sexta-feira que não assumirá a pasta dos Negócios Estrangeiros ou qualquer outro ministério no novo Governo de coligação encabeçado por Angela Merkel. Uma decisão, diz Martin Schulz, para salvaguardar o acordo de coligação selado na quarta-feira com a CDU da chanceler.

A decisão de Martin Schulz, anunciada ao início da tarde, é uma tentativa de o ainda líder do SPD acalmar o partido e ganhar o apoio dos seus membros para a grande coligação de Governo fechada na quarta-feira.“Os debates à volta da minha pessoa ameaçam o sucesso da votação. Pelo que declaro aqui a renúncia à minha entrada no Governo”, pode ler-se no comunicado de Schulz.


“Venho anunciar a minha renúncia a qualquer participação no elenco do Governo federal, esperando sinceramente que isso possa colocar um ponto final nas discussões dentro do SPD”, afirma Schulz através de um comunicado.

O acordo talhado há dois dias com a CDU de Merkel poderá ainda ser vetado internamente pelo SPD, que fará um referendo relativo à coligação a 4 de março, escrutínio que Schulz estará agora a tentar salvar com a decisão de não integrar a equipa governativa na chefia da diplomacia alemã.

O pedido de Schulz para integrar a equipa da chanceler terá provocado forte mal-estar no SPD, porque o próprio Schulz jurara que nunca seria ministro de Merkel.
"Apenas arrependimento"

O ainda líder do SPD tem sofrido fortes ataques internos, também fruto dos péssimos resultados eleitorais de Setembro, os piores da história do partido. Um dos seus maiores detratores por estes dias é Sigmar Gabriel, atual ministro dos Negócios Estrangeiros e antecessor de Schulz como chefe dos social-democratas.

“O que resta é apenas arrependimento [de ver] o quanto dentro do SPD agimos sem respeito uns pelos outros e constatar que a palavra dada conta muito pouco”, afirmava esta quinta-feira Gabriel nas colunas do grupo de jornais regionais Funke.

O novo Governo de Angela Merkel, o quarto, está cheio de ragilidades, com os ataques a partirem de todos os quadrantes sem que tenha sequer começado o mandato. Dentro da CDU critica-se Merkel por - sustentam algumas vozes - ter feito demasiadas concessões aos social-democratas apenas para manter o lugar de chanceler.
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