Os líderes da aliança atlântica discutem esta quinta-feira a longa guerra no país asiático depois de um dia que ficou marcado pelas tensões entre Estados Unidos e Alemanha, mas também pela proposta de Donald Trump em aumentar exponencialmente os gastos em defesa para os 4 por cento do PIB.
No segundo e último dia da cimeira da NATO em Bruxelas, o foco volta-se para a intervenção da aliança atlântica no Afeganistão, com a presença do Presidente Ashraf Ghani, mas também para a discussão dos laços com a Ucrânia e a Geórgia, dois países em conflito com a Rússia.
Não se sabe ao certo se a proposta foi uma manobra negocial para pressionar os países a apressarem o investimento em defesa, mas Donald Trump sugeriu mesmo que os Estados-membros passem a definir como meta os 4 por cento, um número que nem os Estados Unidos apresentam neste momento.
Em relação a Cabul, o objetivo do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, passa por garantir o apoio dos aliados às foças de segurança afegãs até 2024, apesar da fadiga crescente e dos elevados investimentos que a aliança já mobilizou para aquele país.
A posição da atual Administração norte-americana sobre este conflito não foi constante. De início, Donald Trump mostrou-se adverso à permanência dos Estados Unidos num conflito que já dura desde 2001, mas acabou por ceder perante a insistência de conselheiros que o aconselharam a manter o envolvimento norte-americano na luta contra os militantes talibãs.
Esse envolvimento não só se manteve como também cresceu, com o Presidente norte-americano a comprometer-se com o envio de mais três mil homens. Com esse reforço, os Estados Unidos contam atualmente com 15 mil militares no terreno.
Situação precária
Em agosto último, o Presidente norte-americano chegou mesmo a propor o reforço da operação no país, com ataques aéreos e uma intensificação que obrigue os militantes talibãs a negociar.
A NATO está no Afeganistão desde 2003 com mandato da ONU, após um pedido apresentado pelos Estados Unidos. Em 2001, uma invasão liderada pelos Estados Unidos derrubou a liderança talibã no país, operação que decorreu na sequência dos ataques do 11 de Setembro.
No situação no país contínua frágil, com boa parte do território
controlada pelos radicais islâmicos e ataques terroristas frequentes em
várias cidades do país.
Desde 2014 que a Aliança Atlântica deixou de participar em missões de combate, passando a dar prioridade à missão “Resolute Support Mission”, que visa o treino e apoio às forças militares e de segurança, bem como o fortalecimento das instituições do Afeganistão, uma operação que também conta com um contingente português.
Após os trabalhos de quarta-feira, a primeira-ministra britânica comprometeu-se com o reforço da missão britânica no Afeganistão.
“Vamos enviar mais 400 funcionários para a missão de apoio no Afeganistão e acho que isso demonstra que, quando a NATO pede, o Reino Unido é dos primeiros países a chegar-se à frente”, referiu Theresa May aos jornalistas. Desta forma, o Reino Unido praticamente duplica a presença no país e passa a contar com 1.100 militares em Cabul.
Para além do Afeganistão, os líderes da NATO vão também discutir os laços existentes com a Geórgia e a Ucrânia, dois países que pretendem aderir à aliança atlântica. No entanto, as regras da NATO impedem a adesão de países com conflitos fronteiriços, sendo que em ambos os casos existem disputas territoriais com a Rússia.
Já a Macedónia está a um passo de se tornar o 30.º membro da aliança atlântica. O país já foi convidado a iniciar as conversações para a adesão, um processo que só poderá ficar concluído após a formalização do novo nome, República do Norte da Macedônia, que deverá por fim a um litígio antigo com a Grécia.