Senador aliado de Trump aponta ao presidente após ataque terrorista na Síria

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Joshua Roberts, Reuters

O senador republicano Lindsay Graham apontou um dedo acusador a Donald Trump na ressaca do ataque suicida num restaurante na Síria que esta quarta-feira fez quatro vítimas entre os norte-americanos estacionados na cidade de Manbij. Dirigindo-se ao presidente, de quem tem sido um aliado, o senador pediu-lhe que repensasse a sua política para a região, em particular a ordem de retirada anunciada há um mês pelo próprio presidente e que Graham acredita poder enviar um sinal errado, tanto a amigos como a inimigos.

Ontem, um ataque levado a cabo num restaurante no norte da Síria, na cidade de Manbij, onde o senador Graham disse já ter comido, vitimou mortalmente 19 pessoas, entre a quais quatro cidadãos norte-americanos, dois militares, um funcionário do Pentágono e um prestador de serviços civil.

A acção foi levada a cabo pelo Estado Islâmico, que o presidente Trump assegura estar já de joelhos, justificação de que tem abusado para justificar uma retirada militar da Síria, alvo de fortes críticas. A primeira baixa desta decisão controversa foi o próprio secretário da Defesa, general James Mattis. O enviado especial dos Estados Unidos para a luta contra o Estado Islâmico, Brett McGurk, acabaria por abandonar funções antes do tempo.

Com um apelo emotivo ao presidente, o senador Graham, que tem sido um dos mais próximos aliados de Trump numa Washington que lhe é de forma geral hostil, acabou por ligar o ataque desta quarta-feira à ordem de retirada do mês passado.

Na opinião de Lindsay Graham, o anúncio de retirada pode estar a enviar a mensagem errada para os dois lados da barricada na região, quer aos amigos dos norte-americanos quer aos inimigos. O anúncio da retirada poderá ter “galvanizado o inimigo que estamos a combater”, referiu Graham durante uma sessão do Senado sobre a nomeação do Presidente de William Barr para procurador-geral.

“A minha preocupação relativamente às declarações do presidente em relação a esta matéria (…) é que as pessoas que estamos a tentar ajudar duvidem agora de nós. E quando eles [Estado Islâmico] se tornam mais ousados, vemos crescer a incerteza nas pessoas que estamos a tentar ajudar. Já vi isto no Iraque e agora estou a vê-lo na Síria”, declarou o senador, que fez questão de deixar esta nota à margem da audição.

“Nunca estaremos a salvo a não ser que estejamos dispostos a ajudar aquelas pessoas que se levantarão contra as ideologias radicais”, acrescentou.

Das declarações de Lindsay Graham, ganha força a tese que vem sendo empunhada contra Trump: o presidente defende a retirada do contingente militar de 2000 homens da Síria por considerar que o Estado Islâmico está derrotado naquele país, os críticos não acreditam nesse definhar do grupo radical.

Pelo meio desta leitura introduz-se o factor Turquia, que deseja fervorosamente que os Estados unidos regressem a casa o mais depressa possível, já que as forças norte-americanas estão alinhadas na região com os grupos militares curdos, inimigos naturais de Ancara.

De acordo com os analistas, os serviços secretos dos inimigos de Washington poderão nos próximos tempos instigar muitas acções radicais como o ataque ao restaurante para baralharem ainda mais a teia de alianças dos americanos na região.
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