Senadores com "muitas dúvidas" sobre escolha de Trump para diretora da CIA

por RTP
O senador democrata Mark Werner, fala com o senador republicano Richard Burr após uma audiência no Comité de Informações do Senado, em meados de fevereiro de 2018. Reuters

As reservas foram expressas aos jornalistas por Mark Warner, o principal senador democrata da Comissão do Senado para a Informação, no Senado dos EUA e pelo senador republicano John McCain.

Gina Haspel está nomeada para suceder a Mike Pompeo, escolhido por Trump para novo secretário de Estado dos EUA depois de Rex Tillerson ter sido demitido.

Poderá tornar-se a primeira mulher a chefiar a C.I.A., mas o seu curriculum está a ser questionado.

Os senadores "merecem ter resposta às suas perguntas, numa audiência aberta", referiu Werner, para quem os senadores têm "muitas dúvidas" sobre a escolha do Presidente Donald Trump para dirigir os destinos da agência norte-americana de informações.
Veterana de "black op's"
Hespel, de 61 anos, é uma veterana da CIA, tendo participado em diversas missões confidenciais e goza do apoio de muitos dentro da comunidade. Contudo, a sua nomeação poderá ser recusada, pois superintendeu em 2002, pós 11 de setembro, uma prisão secreta da agência na Tailândia, onde os detidos foram alegadamente torturados.

Oficiais do setor de Informações, que serviram com Haspel, e responsáveis do Congresso, afirmam que nesse ano, durante a Administração de George W.Bush, ela foi responsável pela prisão secreta com o nome de código "Olho de Gato".

Garantem que dois detidos, suspeitos de pertencerem à rede islamita da al Qaida, foram ali submetidos à tortura de afogamento simulado e outras técnicas duras de interrogatório.

Três anos depois, ainda sob a presidência de Bush, referem, Haspel obedeceu à ordem de destruir as gravações do afogamento simulado, considerado uma forma de tortura.
Gina Haspel pode tornar-se a primeira mulher a dirigir a CIA Foto: Reuters

A nomeação de Haspel vai escalpelizar toda a sua carreira, devido ao seu envolvimento nos chamados black sites, as sedes secretas da agência cuja existência não é reconhecida pelo Governo americano.
Receios de McCain
Apesar dos republicanos deterem a maioria no Senado, com 51 lugares contra 49 dos democratas, a confirmação não está por isso garantida. Não só os senadores democratas em peso poderão veta-la, como poderão ser reforçados por senadores republicanos incomodados com o curriculum.

"A tortura de detidos sob custódia dos EUA ao longo da última década foi um dos capítulos mais negros da história americana", referiu o senador republicano John McCain, que foi ele próprio submetido a tortura quando foi prisioneiro de guerra no Vietname.

"A srª Haspel tem de explicar a natureza e a extensão do seu envolvimento no programa de interrogatórios da CIA, durante o processo de confirmação", acrescentou McCain.

O presidente do Comité do Senado para as Informações, o republicano Richard Burr, já afirmou contudo que vai apoiar a nomeação, dizendo-se "orgulhoso" do trabalho de Haspel.
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