"Será que serei Presidente daqui a dez anos?". Trump brinca sobre permanência no poder

por Joana Raposo Santos - RTP
Esta semana o líder da Casa Branca deixou clara a hipótese de vir a recusar uma transição pacífica de poder caso Joe Biden vença as eleições. Tom Brenner - Reuters

Donald Trump brincou sobre a hipótese de permanecer na liderança da Casa Branca por mais uma década, dias depois de ter admitido a possibilidade de não aceitar uma transição pacífica caso seja derrotado por Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro. "Será que serei Presidente daqui a dez anos?", questionou o Presidente perante uma multidão, frisando de seguida que se tratava de uma piada.

Numa conferência de imprensa esta semana, o líder da Casa Branca deixou clara a hipótese de vir a recusar uma transição pacífica de poder caso seja o seu adversário a vencer as eleições. Agora, num comício na cidade de Atlanta, Trump brincou sobre as acusações de que já foi alvo.

“Será que serei Presidente daqui a dez anos?”, começou por questionar à plateia, alertando de seguida que era melhor não brincar com o assunto, caso contrário arriscar-se-ia a ouvir: “Bem vos disse que ele era um ditador, que não iria abdicar do poder sob quaisquer circunstâncias (…), que pretende cumprir pelo menos mais dois mandatos”.

“Sabem, não podemos brincar, porque (…) às vezes dizemos algo sarcástico com uma cara séria e [os meios de comunicação social] cortam a imagem antes de nós aparecermos a rir para que as pessoas pensem que eu estava a falar a sério e que quero mais 12 anos”, esclareceu imediatamente.


Na quinta-feira, em conferência de imprensa, Donald Trump foi questionado sobre se aceitaria os resultados das eleições de 3 de novembro num cenário de vitória de Joe Biden. “Bem, teremos de ver o que acontece. Vocês sabem isso”, respondeu aos jornalistas.

“Temos vindo a reclamar muito por causa da votação. E as votações são um desastre”, disse, referindo-se à votação por correspondência que é já prática comum em alguns Estados norte-americanos e que este ano, devido à pandemia de Covid-19, deverá ser adotada na generalidade dos EUA.

“Livrem-se das votações [por correspondência] e terão uma transição muito, muito pacífica – não haverá uma transição, francamente, haverá uma continuação”, referiu, assumindo a vitória nas presidenciais.

“Essas votações estão fora de controlo e os democratas sabem disso melhor do que ninguém. Acho que essa eleição vai acabar no Supremo Tribunal Federal”, acrescentou.
Oposição à votação por correspondência
Esta não foi a primeira vez que o Presidente se opôs publicamente à votação por correspondência. Nos últimos meses foram diversas as ocasiões em que aproveitou para desencorajar a população norte-americana a aderir a este sistema de voto e chegou mesmo a sugerir um adiamento das eleições, recebendo por isso críticas da oposição, de legisladores e até do ex-presidente Barack Obama.

“Enquanto estamos aqui sentados, os que estão no poder estão a fazer as jogadas mais ousadas para desencorajarem o povo de votar”, lamentou Obama num discurso proferido em julho.

A própria rede social Twitter – um dos canais de comunicação de eleição de Trump – viu-se forçada em maio a contrariar as declarações do Presidente, depois de este ter lançado um tweet no qual dizia não existir “qualquer hipótese (zero!) de que os boletins postais sejam menos do que substancialmente fraudulentos”.

Em resposta, o Twitter classificou as afirmações de Trump de “infundadas” e “falsas” e colocou no rodapé da publicação um símbolo de alerta para a verificação de factos.

OS boletins de voto postais, que são distribuídos e devolvidos por correio, serão utilizados nas próximas eleições para evitar a deslocação física das pessoas e a propagação do novo coronavírus no país, que é atualmente o mais afetado do mundo pela pandemia, com um total acumulado de sete milhões de contágios e 200 mil mortes.
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