Síria. Estados Unidos e Turquia instam Rússia a travar apoio a Assad

por RTP
Um caça bombardeiro Sukhoi Su-24 descola da base aérea de Hmeymim, perto de Latakia, na Síria, numa fotografia captada em 2015 Ministério da Defesa da Rússia/ Reuters

Os Estados Unidos e a Turquia mostraram preocupação com a violência na Síria e pediram à Rússia para suspender o apoio ao que descrevem como "atrocidades" do Governo sírio de Bashar al-Assad. O Presidente dos EUA e o seu homólogo tiveram uma conversa telefónica no dia em que o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, declarou que a vitória do regime sírio era "inevitável".

Em comunicado divulgado pela Casa Branca, o vice-secretário de imprensa norte-americano, Judd Deere, afirmou que Donald Trump – num telefonema com o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan – referiu o desejo dos Estados Unidos em terminar com o apoio da Rússia às “atrocidades do Governo de Assad” e à existência de uma resolução política para o conflito sírio.

“Trump expressou ontem a sua preocupação com a violência em Idlib, na Síria, e agradeceu a Erdogan pelos esforços da Turquia para impedir uma catástrofe humanitária”, declarou Deere, citado pelo Al Jazeera.

O Governo turco afirma estar empenhado em terminar com a “agressão do regime sírio”, tentando poupar a população civil e impedir um novo êxodo de cidadãos sírios para a Turquia.

“A Turquia não vai aceitar uma nova onda de migração”, afirmou o Presidente turco, referindo que o seu país já recebeu mais de 3,6 milhões de refugiados sírios.

A Turquia tem 12 postos de observação em Idlib – resultado do acordo de 2018 entre Ancara e Moscovo – com o objetivo de impedir uma ofensiva do Governo. Contudo, as forças de Bashar al-Assad avançaram de forma independente. Quatro postos turcos estão cercados pelas forças sírias. Ancara ameaçou atacar Damasco se não se retirarem até ao final deste mês.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, declarou que “os ataques em Idlib devem parar, sendo necessário estabelecer um cessar-fogo duradouro e que não seja violado”.

Segundo a Al Jazeera, uma delegação turca irá seguir para Moscovo esta segunda-feira, depois de as autoridades russas terem visitado Ancara no passado fim de semana – sem terem chegado a qualquer acordo concreto.

Na segunda-feira, as Forças Armadas sírias comunicaram que as suas tropas tinham recuperado o controlo dos territórios no noroeste do país “em tempo recorde” e garantiram que vão continuar a perseguir grupos armados “onde quer que eles estejam”.

O anúncio das Forças Armadas aconteceu depois de as tropas terem consolidado o domínio do Governo sobre a principal província de Alepo.

Estes avanços vão permitir a existência de “uma estrada importante que vai atravessar o território rebelde” e vão facilitar o movimento entre o norte e o sul da Síria. De acordo com a Shaam Network – uma plataforma de comunicação da oposição – os progressos das Forças Armadas expulsaram os rebeldes daquela área. As últimas ocorrências levaram a várias celebrações noturnas, com os moradores a dançarem e a erguerem bandeiras.


Os resultados obtidos pelas forças do Presidente sírio Bashar al-Assad, assentaram no apoio do poder aéreo russo, que ajudou a intensificar o ataque à província de Idlib.

O ataque, apoiado pela Rússia, provocou uma maior vaga de deslocados da Síria, com cerca de 800 mil pessoas a fugir desde o início de dezembro, avançaram as Nações Unidas.

No telefonema que fez a Erdogan, o Presidente dos Estados Unidos também falou sobre a interferência estrangeira na Líbia, afirmando que esta iria apenas servir para “piorar a situação”.

As forças de Bashar al-Assad, com o apoio da Rússia, do Irão e do Hezbollah, controlam cerca de 70 por cento da Síria, sendo que o Presidente do país prometeu que irá controlar todo o país.

Desde 2011, a guerra na Síria já matou mais de 380 mil pessoas.
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