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Starbucks junta-se às empresas que incluem aborto no seguro de saúde

por RTP
Entre os reembolsos que podem ser pedidos ao abrigo do seguro de saúde da empresa, estão também procedimentos de fertilidade ou com barrigas de aluguer Lucas Jackson/EPA

A Starbucks anunciou esta segunda-feira que vai incluir no seguro de saúda da empresa a cobertura de despesas de funcionários que precisem de viajar para outro Estado para recorrer a serviços de aborto. É a mais recente empresa a reagir, após ter vindo a público há duas semanas que o Supremo Tribunal americano preparava a anulação da histórica decisão Roe v. Wade, deixando que seja cada Estado para a decidir sobre o procedimento.

Os funcionários e os seus dependentes que beneficiarem do seguro de saúde da Starbucks vão poder pedir o reembolso das despesas de viagem, caso tenham de deslocar-se mais de 160 quilómetros para submeter-se a um aborto ou cuidados afirmativos de género, refere a empresa em comunicado.

A Starbucks sublinha estar “comprometida em garantir” acesso a cuidados de saúde de qualidade aos seus funcionários, “independentemente de onde vivem e daquilo em que acreditam”.

“Tal como muitos de vós, estou muito preocupada com o projeto de parecer do Supremo Tribunal relativo ao direito constitucional ao aborto que foi estabelecido com Roe v. Wade”, escreveu aos funcionários Sara Kelly, vice-presidente da cadeia americana de café e responsável pelos recursos humanos.

Há duas semanas, o site Politico avançou que o Supremo Tribunal se preparava para declarar que o direito ao aborto "não está protegido por qualquer disposição da Constituição" norte-americana, anulando a histórica decisão Roe V. Wade, de 1973.

De acordo com o documento obtido e citado pelo Politico, o Supremo Tribunal considera que a prática de aborto é “extremamente errada” e ilegal, tendo para o efeito reunido o apoio da maioria dos juízes. Seis dos nove juízes do Supremo Tribunal americano são de tendência conservadora, enquanto apenas três são considerados liberais.

Empresas tomam posição mas podem ser punidas

A Starbucks é conhecida por defender causas liberais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, empregar refugiados e promover os direitos de pessoas transgénero.

Por exemplo, o seguro de saúde da empresa inclui cirurgia de redefinição de género desde 2012 e, desde 2018, outros procedimentos relacionados com a afirmação de género, como o transplante capilar ou a redução de mama.

Com vários Estados americanos a preparem leis mais restritivas à prática de aborto, mais de 15 empresas de diferentes Estados americanos declararam-se comprometidas com a defesa dos direitos reprodutivos.

Além da cadeia de cafés, Amazon, Apple, Microsoft e Levi Strauss também fizeram saber que iriam reembolsar o pagamento das despesas de viagem de funcionários para Estados com leis de aborto menos restritivas do que as daquele em que residem. Esta última escreveu no seu site que os líderes das empresas “têm de fazer-se ouvir e agir para proteger a saúde e bem-estar dos funcionários”. A Goldman e a JP Morgan consideram implementar uma medida idêntica.

Contudo, a Walmart e a Disney não se pronunciam. A empresa de média e conteúdos para o público infanto-juvenil chegou a sofrer consequências pela oposição à lei do Estado da Flórida HB 1557, conhecida como “Não diga gay”, que impõe restrições ao ensino em sala de matérias relacionadas com “orientação sexual ou de identidade de género”.

Após a empresa ter revelado publicamente estar contra a lei, em Abril, os republicanos no Senado daquele Estado aprovaram a dissolução do “Reedy Creek Improvement District”, que desde 1967 permitia que o parque temático tivesse autoridade e responsabilidade equiparada à de um governo do condado, bem como um regime tributário especial.

Uma pesquisa recente da Morning Consult sugeriu que a maioria dos eleitores dos EUA é a favor de as empresas tomarem uma posição sobre o aborto.
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